18:27. Chove animadamente em Torres Novas. Estamos a ponderar se acendemos ou não a lareira da alcaidaria. O Tiago diz que os microfones vão captar o crepitar da lenha, mas eu não me importaria com isso. O canto dos pássaros a par com a chuva estão na eminência de fazer parte da "banda sonora". A Michelle Schocked fez questão de ter um coro de grilos no The Texas Campfire Tapes (1986)...
Os rapazes trabalharam da parte da tarde enquanto eu cumpria com as minhas obrigações no Museu Municipal Carlos Reis. Neste momento revejo material que compilei dos jornais torrejanos, de 1893 até 1950, para fazer um artigo sobre a actividade musical em Torres Novas ocorrida neste espaço de tempo.
Acabei de fazer 1 l de chá de cebola porque o frio de sábado está a manifestar-se na forma de uma faringite :(
19:18 - Nuno está a gravar percussões.
22h42 - Acabámos de chegar à cozinha/estúdio, vindos de jantar. A sessão de há pouco prolongou-se para além das 9h e houve quem pensasse pedir umas pizzas mas, porque somos conscientes, optamos por comida verdadeira. A sessão está a correr bem não há necessidade de ingerir plástico...
O Vasco não come peixe nem carne, mas está a conseguir alimentar-se bem (tendo em conta que não temos cozinheiro particular e não há um restaurante vegetariano). O Francesco, o Nuno, o Luís e eu optamos por peixe grelhado, saladas e sopa. O Tiago é uma boquinha abençoada, só que com gostos diferentes. Ontem escolheu picanha e já recebeu uma alcunha à conta disso!
O castelo à noite torna-se mais místico. A cidade iluminada, vista de cima, ainda mais bonita.
Sinto-me muito abençoada por estar aqui rodeada do melhor que existe.
Há pouco o Tiago mostrou-me a letra da 11ª canção. Guardou-a até poder e eu não pude conter uma enorme emoção. Os poetas têm este condão. O de saber despir existências com dignidade.