domingo, 31 de março de 2013

Ressurreição

Pedi-Te um sinal, qualquer um.
Tenho urgência em ver o mundo como o mundo não é, mas talvez o Teu desígnio resida na imprevisibilidade de um momento como este.*


* (...) as obras do Senhor são admiráveis, mas permanecem ocultas aos homens (...) in Eclesiástico 11,1-6

quarta-feira, 27 de março de 2013

Davi da minha alma


Veio-me parar às mãos por sua vontade. Aquela máxima de que são eles que nos escolhem é pura verdade.

Descoberto no meio do nada por um grupo de escuteiros foi entregue na ASPA por se encontrar ferido e abandonado.


A primeira vez que o vi foi para ajudar a fazer o penso da terrivel chaga que trazia no pescoço. De cada vez que o visitava pedia-me colo e atenção. De cada vez que me vinha embora recolhia-se na transportadora  fixando-me no olhar mais triste deste mundo.



Em Dezembro, no dia 23, peguei-lhe ao colo para o levar à enfermaria e fui abraçada na  cara com as patinhas. Olhava muito sério para mim, uma patinha de cada lado. Senti um pedido de ajuda mais do que o normal: "Leva-me contigo, trata de mim"



E   veio. Desde então a chaga já diminuiu, mas não fechou completamente. Passaram-se  2 meses e meio e um dia percebi que nunca me poderia separar dele. O pequeno Davi faz parte de mim, da minha vida, é o meu companheiro inseparável, faz-me rir com as suas brincadeiras malucas e enternece-me com os mimos da sua linguinha rugosa e das suas patinhas sempre tão cuidadosas.



Amo de coração este serzinho notável e digo-lho todos os dias. Davi, que em hebraico significa predilecto, é sem dúvida nenhuma o Meu Gato.











O passado e o novo




terça-feira, 26 de março de 2013

Jembé




Jembé foi o que da ninhada se aproximou logo, muito intrigado com o colar de sementes africanas que eu trazia. Quando me inclinei para lhe fazer uma festa as sementes balançaram o que fez com que accionasse as suas patinhas dianteiras num frenesim de mini-sapatadas qual tocador de Djembé... 
Foi uma risada geral ver um gatinho com pouco mais de 1 mês tão compenetrado na sua performance. Quantas mais sapatadas mais sementes baloiçavam e emitiam sons. Aquilo era muito estimulante. Deitado de barriga para o ar atingiu uma  velocidade de batidas impressionante  e via-se na sua carinha-de-gatinho uma expressão divertida pela descoberta da nova brincadeira.


Eram 4 bebés nascidos a 6 de Outubro, 2 fêmeas lindíssimas tigradas e 2 machos -  um predominantemente preto com uma misturinha de branco, e o outro predominantemente branco com uma misturinha de preto. 
Jembé parecia que tinha um mini smoking vestido e, claro, depois daquela apresentação ficou bem explícito que queria ficar comigo, mais não fosse por aquele colar mágico que tanto despertava a sua criatividade artística!


Passaram-se 12 anos das nossas vidas e este peludinho tem sido simplesmente notável. 
Dotado de um carácter hiper-pacífico (eu digo que foi por ter ouvido muitas ragas indianas) ADORA primeiro que tudo comer e depois apanhar banhos de sol.


É o líder indiscutível do grupo de peludinhos, que foi crescendo e diminuindo nestes  anos, sem nenhuma vez  ter sido agressivo para quem quer que fosse acolhido na nossa casa.
Lembro-me muito bem daquela vez em que foi receber à porta (como é seu costume) uma gatinha retirada debaixo de um carro, num dia de chuva intensa, ele todo mesuras e cordial, ela atiçada e bufadeira... ficou tão chocado pelo destratamento que se retirou para a sala com o ar mais indignado deste mundo, profundamente  magoado pelo génio intempestivo da Celeste, mas nunca na sua vida lhe retaliou!


Jembé é assim, um gato sensível e zen,  perito em abrir portas de armários e sacos de ração fechados, um terapeuta nato enquanto dorme descansado sobre as costas da sua "dona" (confirmo que é muito melhor que shiatzu) e com um poder vocal nocturno (revelado a partir da meia-noite noite, mais coisa menos coisa), muito expressivo, variado e potente. Aliás, o meu interesse pelo "gatês" é graças a esta particularidade do Jembé, que tem sido o meu instrutor.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Os meus Gatos

 Sophia
 Oriana
Kerouac
Madalena
 
O meu amor por estes peludos é imenso. Fascinam-me e seduzem-me não sei se por terem bigodes longos e olhos hipnotizantes, se por serem silenciosos e expressivos. Sei que não lhes resisto e não posso viver sem eles.

Ao longo da minha vida tive vários gatos e todos foram especiais. Deixaram-me uma estória e marcaram a minha vida. Terão sido os únicos que me deram muitas alegrias e muitas mais cumplicidades felizes.
Não gosto de falar da sua morte porque não aceito nenhuma morte.
Mas os seus nomes ficam aqui lembrados:

♪ Mi e Fá (adoptados em 1993)
♚Luna e Ísis (adoptadas em 1995)
⚜Pedro Cláudio (filho de Ísis nascido em 1996). O padrinho era o fotógrafo Pedro Cláudio.
✡ Júlia (apareceu no jardim da casa em 1996. Dei-lhe esse nome por ser muito parecida com a gata Júlia do Pedro Cláudio, padrinho. Os meu familiares desaprovaram o nome por ser o mesmo da minha avó materna...)
Bouzouki 
☯ Tarot e Wicca
♛ Ankor
☪ Morgana e Bindi
☮ Kerouac
❀ Oriana
❦ Sophia
☥ Madalena

 Mi


Adoro fotografá-los e faço-o há muito tempo, quer aos "meus gatos", quer aos dos outros,  ou aos que não são de ninguém. 

 Luna
 

Estes meus companheiros de casa, amigos do coração e seres inspiradores têm um destaque compreensível sob o signo de EOS. Afinal é também com eles que pratico esta paixão.

Pedro Cláudio


Júlia

Bouzouki

Morgana
 ♡
 
Bindi
 ♡

Tarot

 Wicca
 ♡

 Ankor
  ♡

 Faço-o para mim, mas divido com prazer o meu prazer de os captar da forma que sei e deixam!




=^.^=

sábado, 23 de março de 2013

Minutos

Não  deixes por aí nenhum vestígio do teu canto.
Guarda-o dos que te saúdam com sorrisos invertidos.

Não cantes mais o amor, a morte, o sonho, a vida, a injustiça, o perfume da terra, este mundo e o outro... isso não lhes interessa para nada.





A crise tornou-os distraídos e diferentes, egoístas. Vivem obcecados com precariedades terrenas e invejam a tua liberdade que é bem maior que a deles.

Mesmo que te acenem com o símbolo da paz, não acredites.
Têm-te na mira  para matar o que sentes.

Não  deixes por aí nenhum vestígio do teu canto.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Sob o signo de EOS

A minha paixão por fotografia é mais antiga do que a minha alma, aliás tão antiga quanto o meu mundo musical. Neste tive uma urgência quase física que me fez assumir desde cedo a minha vontade; naquele uma insegurança tremenda em mostrar o que passava por mim.
Não descubro o objecto que fotografo, mas ao olhá-lo descubro-me intensamente. Não há palavras que expliquem, argumentem ou justifiquem. Estou somente comigo e com o que tenho no momento para passar a mais-qualquer-coisa.
Não aprendi qualquer técnica de fotografia (infelizmente) e quero muito aprender.
Este blogue também é um diário do meu olhar em imagens que se fixam  - Sem vós o que são os meus olhos abertos?  -  sob o signo de EOS.
 auto-retrato em estúdio

sexta-feira, 15 de março de 2013

O erro de Alice

Alice Vieira é uma escritora de reconhecido mérito que não precisava, nesta altura da sua vida, do passo em falso que acabou de dar. Bastava que se desfiliasse do PCP.




Não entendo que esta mulher inteligente, com um passado respeitável e liso, tenha caído numa incoerência tão primária.

Fica a areia dentro do sapato de Alice, dúvidas que despoletou com este acto infantil, que possivelmente a incomodará nos próximos tempos. Ou talvez não. Do lado de lá do espelho a vida é bem melhor, um garante da sobrevivência, mais a mais protegida pelos seus novos amigos, como a sinistra Idália Serrão (ex-Moniz) que em pulinhos de  contentamento a congratula por se ter juntado às hostes do PS. 

É verdade que os autarcas nem sempre são sinónimo de partidos, para mim não.
Conheci um que é exemplo disso. Chama-se António Rodrigues, tem sido presidente da câmara de Torres Novas, pertence a um partido que é uma mentira, mas como autarca teria sempre o meu voto.
Fez um trabalho digno desse nome, digam o que disserem, e foi dos que provaram que a vontade política nem sempre está ligada aos aparelhos partidários duvidosos...

Para Alice ganhar respeito teria que ter entrado na cena de outra maneira. Não o fez. Possivelmente será expulsa do partido e não vai ficar nada bem na fotografia. Mil vezes "rescindir contrato" do que esta garotice pegada. Concorre pelo PS sendo do PCP? Vai votar contra as propostas do partido que milita porque se sentou no banquinho rosa que lhe ofereceram?

Alice política, Alice à volta do tacho, Alice no país desmaravilhado, Alice que acrescenta mais 1 ponto na descredibilização da classe política que continua a esmifrar este pobe povo...


 Não sou tão militante como era o meu marido, pago as quotas, dou o meu nome para determinadas coisas, nas eleições se me põem nos últimos lugares da lista, pois com certeza.
Às vezes, chateio-me com eles, mas quando vou votar, começo a pensar e a minha mão  não vai para mais lado nenhum. Tenho sempre na cabeça uma frase que o Mário Dionísio  me disse e que me tocou: «Os erros dos nossos amigos nunca nos hão-de pôr do lado dos nossos inimigos.» Por isso, mesmo que os meus amigos cometam erros, e cometem, e eu esteja em desacordo, chega uma altura em que penso no essencial, largo o acessório e
fico com eles, porque no essencial defendo o que o PCP  defende.

Que desilusão Alice.



sexta-feira, 8 de março de 2013

Benditas

Esta foto não é minha. Sou eu que estou nela, claro, mas não fui eu que a disparei. Podia ter escolhido outra, só que me  apeteceu esta. Foi o meu filho que a tirou no dia 22 de Fevereiro de 2012.

Diz muito de mim, das minhas pequenas alegrias, de gostar de estar sem muita gente à volta, da paz que a natureza me dá, do retorno às melhores memórias de infância, da sensação de liberdade perfeita com o que me entende, do humor bom que me suscita o aroma da terra.



Hoje, 8 de Março, dia das mulheres de todo o mundo, esta imagem diz-me mais do que poderia imaginar. Eu que trago tantas em mim e cada vez mais distante de lhes poder dar voz, ainda assim, fico feliz por, no silêncio imposto, poder mostrar (lhes) (me) que me sinto viva para as comemorar.

Benditas as mulheres que tudo suportam.

NL