domingo, 30 de setembro de 2012

مولانا جلال الدین محمد رومی




 
 
O ser humano é uma casa de hóspedes.
Toda a manhã uma nova chegada.
 
A alegria, a depressão, a falta de sentido, como visitantes inesperados.
 
Recebe e entretém todos
Mesmo que seja uma multidão de dores
Que violentamente varrem a tua casa e tiram os teus móveis.
Ainda assim trata os teus hóspedes honradamente.
Eles podem estar-te a limpar
para um novo prazer.
 
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia,
encontra-os à porta rindo.
 
Agradece a quem vem,
porque cada um foi enviado
como um guardião do além.
 
 
 
Pensa na aurora se houveres visto o ocaso.
Que dano fez pôr-se à Lua ou ao Sol?
O que é crepúsculo a vossos olhos
É alvorada para mim.
O que é para vocês uma prisão
É para minha alma um infinito jardim.
 
Crescerá toda a semente no solo enterrada.
Haveria de ser diferente à semente humana?
 
 
 
Jalāl ad-Dīn Muhammad Balkhī    (30 de Setembro de 1207 – 17 de Dezembro de 1273)
 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Greta Lovisa Gustafson

 
Greta Lovisa Gustafson - 18 de Setembro de 1905 
 
"Sou o que o adolescente jamais encontrará, o que o velho procurou em vão durante meio século, o que a mulher desejava ter para segurar quem a deixou. Compreendem, então, por que me escondo? Não quero que os sonhos se acabem."

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

domingo, 16 de setembro de 2012

Rescaldo



"É a primeira vez que sinto que me está a faltar a esperança"
- manifestante em Lisboa

"Vinte anos de governos que eu não escolho e uma vida hipotecada. Já chega"!
- manifestante em Lisboa

"Somos o suporte dos nossos netos. A mãe não ganha, o pai também não"
- manifestante no  Porto

"Não podemos ser pessoas que vão para a escola e que são um fardo para a nação. Queremos trabalhar!"
- manifestante no Porto (professor)


"Estou cansada desta política de políticos mentirosos"
- manifestante no Porto


"Se quisesse trabalhar para chulos tinha ido para puta"
- cartaz na manifestação do Porto



sábado, 15 de setembro de 2012

Política feroz, que sempre armada
De bárbaros pretextos,
À morte horrenda em lúgubre teatro
Dás vítimas sem conto,
Apoucas e destróis a Humanidade,
Afectando mantê-la.
 
 
 
Manuel Maria du Bocage, nascido a 15 de Setembro de 1765

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Dia de Aquilino ♥♥♥


Estilizei, como não, pela necessidade de fugir à melopeia e à pouca extensão do dizer popular: mas o meu léxico é o deles; as minhas vozes ouvi-lhas. Sou mais cronista que carpinteiro de romance. Quereria até que este livro se embrulhasse num pedaço de serguilha em que eles se embrulham.

(...)

Um renascimento literário tem de volver às origens, aos clássicos e ao povo e o primeiro passo dou-o eu aqui.

Dizem que a literatura regionalista é uma especulação toda de generosidade, sem galardão de público. De acordo: não se lê com esperto e empolgante apetite; carece de nervo, de transporte intelectual, da finura estética que o gosto moderno espera de um drama da cidade. (...) Que é uma arte de contracção, suspendendo o espírito em seu voar ou entranhar-se na análise, é certo. Por aí ela peca.

A aldeia serrana, como aquela em que fui nado e baptizado e me criei são e escorreito, é assim mesmo: barulhenta, valerosa, suja, sensual, avara, honrada, com todos os sentimentos e instintos que constituíam o empedrado da comuna antiga. Ainda ali há Abraão e os santos vêm à fala com os zagais nos silenciosos montes; ali roda o velho carro visigótico nos caminhos romanos, mais velhos do que eles. É pagã, e crê em sua religiosidade toda exterior adorar o Deus de S. Tomás. Conta pelo calendário gregoriano estes terríveis dias de peste, fome e guerra, e está imersa nos nebulosos tempos do rei Vamba.

(...)

Parece-me que esta literatura, porém, é uma necessidade, corresponde a picar na nascente, renovar o veio da Língua viciado por outras línguas, corrompido pela gíria da urbe, rebater no estilo do Quinhentistas, ainda com as rebarbas dum torno, por demais mecânico e latinizador. A madre é na aldeia; ali está o puro idioma. Por aqui se salva, se não por outros predicados, a arte regionalista.

(...)

Lisboa, Outono de 1918
                                                                                        Aquilino Ribeiro

in prefácio Terras do Demo