quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Malhas e cães

 
 
A coisa foi assim: já tinha metade das costas feitas. Chego à sala para continuar com este prazer de inverno e o que vejo? Uma agulha totalmente espalmada de tão roída, metade das malhas a cair da outra e o resto da lã pelo chão na maior das barafundas. Zanguei-me ai zanguei-me.
 
Horas depois deitei mãos à obra. É bom tricotar e ouvir a chuva a cair. Ontem trovejou sobre a casa, mas as malhas lá seguiam pelas carreiras que ultrapassavam em tamanho o que fora desfeito na noite anterior.
 
77 malhas montadas em agulhas 4,5
Cós: 2 por 1
Nº de carreiras do cós: 28
 
 
 
O resto irá saindo no momento :))

domingo, 20 de janeiro de 2013

Tricotar num dia de inverno

 
 
Dia ideal para tricotar, ouvir música, rir com os gatos à volta dos novelos, beber um chocolate quente, passar a mão nos pêlos sedosos dos cães e ver acontecer o ponto que vai ser uma camisola.
 
Que mais se pode desejar? Este é o meu conceito de felicidade no lar.
 
 
 
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Mau tempo no ramal


Não havia comboios e por isso o pandemónio estava instalado na estação da CP. Eram 17:30. Ao fim de duas horas de espera pelo desenvolvimento da situação corri para uma paragem de autocarro que o funcionário mais solícito me indicou onde estaria a ser feito o transbordo de passageiros. Aquele ia para o Porto. Andei meia hora de uma lado para o outro para não congelar até aparecer outro. Afinal ia para a Pampilhosa... Sentei-me encolhida no banco da paragem enquanto a chuva caía em barda.  No lado oposto e bem longe de onde estava consegui ver gente a entrar para um autocarro. E se era aquele? Corri com tudo o que tinha mais um guarda-chuva que não ajudou, atravessei  2 ruas  e a arfar disse Santarém. Era este!
Já quase a chegar à auto-estrada um senhor lembra ao motorista que não  parou na ponte de Santa Clara onde ele tinha pedido para ser deixado... Voltámos para trás com alguns passageiros inconformados a protestar e outros a economizar energias para o que ainda tinham pela frente. Ao fim de umas quantas voltas e voltinhas o homem sai mais feliz em frente ao Portugal dos Pequenitos e nós seguimos cabisbaixos de cansaço pela EN até Pombal. 

Seguiram-se mais voltas e voltinhas  ao fim de uma eternidade pela estrada cheia de trânsito até dar com o local onde dois casais iriam sair. O motorista sem saber o caminho  seguia as instruções de alguns passageiros  que não eram muito certas...

Depois de Pombal mais voltas e voltinhas até chegar à A1 a caminho do Entroncamento. Ok, já foi pior. Mais uma hora e estou em casa.
A música da rádio estava insuportável de alta e de estilo. De 4 em 4 faixas parecidas à la Guetta, passava a mesma à la Stargate  da playlist inenarrável da Rádio Comercial...

Chegados ao Entroncamento fez-se uma paragem longa em frente à CP. Afinal continuamos de inter-regional, dizem-nos. Linha 5 e está quase a chegar. Tudo para lá a passos largos.
Já na plataforma os imprevistos continuam e somos avisados pelos altifalantes que temos de mudar de linha e rápido porque o comboio vai entrar na 4. A humidade fria era muita... Deu para gelar até entrarmos no "está-quase-a-chegar".
Sim senhor, agora vai! E esboçando uns sorrisos de alívio seguimos para a próxima paragem nos Riachos. Quase a entrar na estação da vila o comboio dá um uivo rouco e um grupo de ferroviários que regressava a casa entreolhou-se desconfiado. Diz um: "Está a soprar o filtro"... O resto riu-se de nervoso. Depois disto ficámos às escuras e parados.
Demorou até a energia voltar. Deu para ouvir falar de vários episódios que preencheram o dia ligados a catenárias  por concertar, postes,  árvores e chapas a obstruir as estradas de ferro do país.

Retomámos o andamento aos soluços e devagarinho: Mate de Miranda, Vale Figueira (a maior parte dos ferroviários saiu aqui e a conversa do dia acabou).

Continuámos em silêncio para a etapa seguinte que para mim era o fim da saga: Santarém. Era 1/2 noite quando me vi na estação a caminhar para um táxi. Casa, quero a minha casa!

Será que até Lisboa foi tudo sobre carris?

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

DakhaBrakha e o etno-caos vivificante

Há pequenos oásis de escuta na nossa rádio. Sem dúvida que  a Antena2 contribui muitíssimo para isso.
 
Sou fã diária de toda a programação que passa por vários estados mantendo sempre o nível de qualidade e suscitando sempre interesse para quem ouve.
 
Dos programas todos eles excelentes assinados por António Cartaxo (Em Sintonia), Ricardo Saló (Fuga da Arte), Luís Caetano (Última Edição), Joel Costa (Uma Questão de Moral), André Cunha Leal (Mezza-Voce), Jorge Carnaxide (Argonautas), Inês Almeida (Raízes) vou descobrindo geografias e amplitudes sonoras que preenchem o meu dia e me servem de alimento.
 
Ontem Inês Almeida deu-me a conhecer um grupo que me deixou sem fôlego. 
 
Sem mais delongas o "etno-caos" muito bem inventado pelo quarteto ucraniano   DakhaBrakha (que significa dar e tirar) ao som de instrumentos tradicionais indianos, árabes, australianos, africanos e russos em conjunto  com vozes poderosíssimas.
 
 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Os desamigados do Facebook

Estes últimos dias têm sido de "guerra" e de "baixas" nas redes sociais.
 
Uma quantidade significativa a favor da petição está contra o abate do Zico (o cão que supostamente terá matado o Dinis) versus outra facção que está a favor. E esta não tolera a outra. Ainda não percebi se é mesmo pelo Dinis se é pelo facto de não gostarem de cães ditos perigosos.
 
No meu mural tem havido insultos vários aos quais respondo letalmente por já não ter paciência para diálogos infrutíferos. Há pessoas que não têm nada na cabeça a não ser um bloco de cimento e muita má formação.
 
Perguntam-me vezes sem conta se eu sei o nome do bebé - sempre soube. Como poderia esquecer o nome de um inocentinho que morreu de forma tão trágica?
 
Apelidam-me de fanática e intolerante, insultuosa e prepotente.
 - Fanática por ter assinado a petição contra o abate e defender a minha posição;
 - Intolerante quando resumo os argumentos pobres e mal fundamentados a simples ignorância;
 - Insultuosa quando acho que a imbecilidade tem limites;
 - Prepotente quando chego à conclusão que a pessoa que está a enviar farpas não se interessa pelo diálogo construtivo, mas sim pelo prazer de aliviar a sua frustração deitando abaixo (pensam elas) gratuitamente;
 
Então sou isso tudo. Trato de agarrar o balde e a esfregona e limpar o mural com o meu nome onde me assiste o direito de escolher as pessoas com quem tenho mais afinidades.
 
Ficam exaltados quando os "desamigo". Isto é ridículo. E preocupante. Nunca sabemos quem está do lado de lá e há muito maluco neste mundo...
 
Não vou condenar o cão que nem sei se atacou o menino.
Quero a verdade apurada de forma justa e isenta para que o Dinis não seja esquecido e o Zico penalizado por ter a designação assustadora de pitbull.
 
Quero que digam o resultado da autópsia. Quero que parem de maltratar o animal já condenado.
 
Quero que as pessoas sejam mais crescidinhas e não atirem argumentos sujos para o ar. Estou do lado do Zico e do lado do Dinis. Nem  podia deixar de ser assim.
 
A minha preocupação pelos direitos dos animais não invalida a dos direitos humanos, duas causas que me são tão importantes há tantos anos.
 
E para quem critica e me chama fundamentalista/radical espero que tenha a consciência de intervir "fanáticamente" nos casos de tantas crianças mortas por pitbulls humanos, os tais asquerosos que o Daniel Oliveira acha serem mais importantes que os animais.
Porque sei que uma das características destas pessoas  frustradas é o recolhimento no comodismo falante, a deitar continhas à vida, a olhar para o umbigo e a  seguir com emoção os episódios da Casa dos Segredos...
 
Ah a crise... vão às manifs e acham que fizeram tudo para reclamar os SEUS direitos borrifando-se para o resto.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Daniel Oliveira - a voz do paleolítico inferior

Daniel Oliveira no seu pior. Já não bastava gostar de touradas... O que se passa com o BE que tem entre os seus mais destacados representantes um sujeito à margem dos seus conceitos culturais? Grotesca é a afirmação que o emoldura...


 
Uma opinião que vale o que vale muito mal redigida e fundamentada...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Do que tenho




Adoro o tempo frio. Adoro chuva, neve e vento. Calço umas botas, ponho um cachecol, abotoo o casaco e lá vou eu. Luvas sem dedos andam sempre no bolso. Seguro na máquina, afago os meus animais e pego em pequenas coisas que encontro. 

 Momentos destes e cantar são a minha quase-plenitude.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Biografia

Para atenuar a minha indisposição de ontem relativa a uma das partes do "grande polvo" releio  Retrato Pessoal e Íntimo de Adelino Cunha sobre um dos portugueses mais fascinantes do século passado. Não só o político, mas também.
 
 
 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O discurso de merda de Soares

 
 
“Toda a gente diz na televisão que não há dinheiro para comprar pão, para comprar nada, tem de ir pedir, vão aos caixotes de lixo. Alguma vez se viu isto em Portugal? Eu tenho 88 anos e nunca vi. Sinceramente nunca vi, nem no tempo de Salazar.”
 
 
Pois não viste não Marocas, eras um menino bem alimentado, bem colocado na vida a brincar ao faz de conta. Não digas mais merdas. Não andaste na clandestinidade, não ficaste preso 11 anos, não te torturaram. Andavas demasiado ocupado com a tua vaidade para ver o que os portugueses sofriam.
 
Antes de abrires a tua boca nojenta confere o teu telhado de vidro. O que fizeste de Portugal quando pudeste sacar?
 
 
Metes-me NOJO porque falas falas falas com o teu jeito demagogo que NUNCA MUDOU. O que verdadeiramente te preocupa é o dinheirinho para a tua fundação. Queres lá saber do povo para alguma coisa.
 
Seu maçon sem escrúpulos.


A diferença entre os bons caracteres e os deste género passa por um reconhecimento à luz do dia de quem os vê:

Escreve Jorge Amado: aparece um homem “tão magro, de magreza impressionante, chupado, a face fina e severa, as mãos nervosas, dessas mãos que falam, mal penteado o cabelo, um homem jovem mas fisicamente sofrido, homem de noites mal dormidas, de pouso incerto, de responsabilidades imensas e de trabalho infatigável” – trata-se de Duarte, O Revolucionário Português. - in blogue de Adelino Cunha sobre Álvaro Cunhal

Tu, Mário, não terás uma descrição assim. Nunca!

domingo, 6 de janeiro de 2013

O pão do Pedro

Hoje sinto-me particularmente triste.
Há dias em que não tenho mais espaço para ver o que se faz neste mundo. Não o compreendo nem gosto de fazer parte dele.
A  desilusão com o género humano atingiu uma percentagem assustadora. Cada vez mais sinto menos ligação com os da minha espécie o que me faz pensar sobre até quando vou querer viver assim.
Tive uma certa esperança no dia 22 de Dezembro porque se esta coisa acabasse agora não me importava, mas pronto... afinal era a conclusão de um ciclo e o começo de outro... e pergunto para quê?
Todos os dias são de apelos urgentes, imagens medonhas, estórias terríveis, denúncias, petições, partilhas em rede, pedidos de socorro e o que constato é uma parte ínfima que reage.
A crise faz as pessoas estúpidas e egoístas.
O egoísmo faz as pessoas más e perturbadas.
O mundo humanóide não merece estar aqui.
Era uma vez um gato pequenino a quem foi colocada uma coleira insecticida. Por ser pequenino não a devia ter. Um gato pequenino pode reagir com uma alergia. Foi o caso. Essa alergia fê-lo coçar e coçar e coçar até ficar em carne viva. Foi posto na rua por causa disso.
Andou dias  a vaguear e a arranhar-se de desespero. Criou uma infecção.
Está ao meu colo cheio de febre. Já foi tratado como devia com antibiótico e a ferida desinfectada. Agora é esperar pela sua recuperação.
São coisas como estas que desacreditam qualquer possibilidade de reconciliação com os outros. Tenho sentido mágoa e dor através destes meus irmãos. Tenho sentido o que tenho de pior em mim pelos ditos meus semelhantes (não sei em quê...)
O meu reconhecimento é eterno para os poucos que sente da mesma maneira. O meu desprezo é absoluto para os muitos que não dão o mínimo valor. Normalmente estes acham que  somos descompensados porque nos dedicamos "aos bichos" e que até somos radicais, uns fundamentalistas da causa animal.  Nesse caso sou bem descompensada, mas muito recompensada pelo sentimento que me une a eles, aos bichos.
Hoje foi um dia escuro.
Depois li um post no blogue do Pedro Rolo Duarte que me fez sorrir. Abracei o meu pequeno Davi e disse-lhe que o amava.  Ouvi um ronron que me enterneceu. A seguir respondi ao post do Pedro. Quando se faz o nosso pão o sentimento é parecido com o de abraçar um ser inocente.





quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Novo ano...


(...) Agora é tudo igual, prazer e dor,
e a tua sementeira não dá flor,
ó triste solidão que as almas lavras.


Fernanda de Castro in "E Eu, Saudosa, Saudosa"


Deixei de aderir à suposta alegria formatada das festas colectivas. O fim de ano é uma delas. Não suporto mensagens e desejos altruístas que se têm nesta altura. Há muito que percebi a conveniência destes rituais para se ficar bem na fotografia...
 
Existem famílias que marginalizam os seus membros durante o ano e chegada esta altura fingem uma paz e um sentimento que nunca existiu. Também há as que não querem saber de todo das suas ovelhas negras, é verdade, e deixam que os anos consumam os proscritos na solidão.
 
Vi isso quando colaborei como voluntária num lar de idosos. Poucos eram os que tinham alguém para os visitar. A maioria passava os dias festivos a olhar para o vazio, perdida nas suas memórias ou na sua demência.
 
Depois existem aqueles que se queixam confortavelmente com gente à volta e se vitimizam sem pensar nos condenados  expostos muito tempo depois da sua partida definitiva.
 
Sinceramente, não percebo o que se passa com esta civilização.