As mulheres de meia-idade são a curva descendente do sol, o último comboio sem passageiros, a erva seca num campo abandonado.
Estas incuráveis-dos-anos ainda aguardam por coordenadas que acreditam poder resgatar-lhes o percurso mais à frente, elas que um dia decidiram achar generoso esperar pela virtude e acreditar no tempo para tudo, não se dando conta da emboscada imoral que as enganou.
Estas incuráveis-dos-anos ainda aguardam por coordenadas que acreditam poder resgatar-lhes o percurso mais à frente, elas que um dia decidiram achar generoso esperar pela virtude e acreditar no tempo para tudo, não se dando conta da emboscada imoral que as enganou.
Há mulheres de meia-idade que passam a ferro e tiram o pó das molduras, outras mudam a terra dos vasos e cortam as unhas do gato e esta que testemunha o tempo a tirar identidades que eram suas. E como lhe custa.
As mulheres que entre promessas de futuro não chegaram a ser presente coleccionam para sempre as culpas de todos os equívocos acumulados às costas como uma cordilheira montanhosa.
As mulheres que entre promessas de futuro não chegaram a ser presente coleccionam para sempre as culpas de todos os equívocos acumulados às costas como uma cordilheira montanhosa.
A estas depressivas-dependentes dos desafectos resta a insónia das madrugadas que a rádio programa. A mim cabe-me o cansaço dos dias sob o peso do pânico que o medo me traz.
De nós, amostras da cronologia biodegradável, acerca-se a inevitabilidade do tempo que nos destrói.
Uma pergunta em cima de uma pedra
ResponderEliminarno cume da montanha,
há sol,
Em que (princípio do tempo)
fica a meia-idade?
No meio, mas depende do que fica em cada metade.
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