sexta-feira, 13 de janeiro de 2012



Um registo que passou ao lado das rádios portuguesas que persistem em transmitir, maioritariamente, o lixo de uma certa música estrangeira.

Gold in the Shadow de 2011 contém 12 temas magníficos deste compositor/ multi-instrumentista do Illinois, que trabalhou durante anos como terapeuta na área da saúde mental. Assim fossem todos. Sem artifícios.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Condição constatada

Perdi-me da minha tribo, da minha essência nómada e a falta que tudo isso me faz é incalculável...
Escolhas erradas. Responsabilidades impingidas. Vida de merda, a dos escravos da prosperidade.






terça-feira, 10 de janeiro de 2012


Destiny, destiny protect me from the world
 
Destiny, hold my hand protect me from the world

Here we are with our running and confusion

And I don't see no confusion anywhere



And if the world does turn

And if London burns I'll be standing on the beach with my guitar

I wanna be in a band when I get to heaven

Anyone can play guitar

And they won't be a nothing anymore



Grow my hair, grow my hair

I am Jim Morrison

Grow my hair

I wanna be wanna be wanna be Jim Morrison



Here we are with our running and confusion

And I don't see no confusion anywhere

And if the world does turn

And if London burns I'll be standing on the beach with my guitar

I wanna be in a band when I get to heaven

Anyone can play guitar

And they won't be a nothing anymore

 
*Radiohead in Anyone Can Play Guitar

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mar Adentro


"Mar adentro, mar adentro,

y en la ingravidez del fondo

donde se cumplen los sueños,

se juntan dos voluntades

para cumplir un deseo.



Un beso enciende la vida

con un relámpago y un trueno,

y en una metamorfosis

mi cuerpo no es ya mi cuerpo;

es como penetrar al centro del universo:



El abrazo más pueril,

y el más puro de los besos,

hasta vernos reducidos

en un único deseo:



Tu mirada y mi mirada

como un eco repitiendo, sin palabras:

más adentro, más adentro,

hasta el más allá del todo

por la sangre y por los huesos.



Pero me despierto siempre

y siempre quiero estar muerto

para seguir con mi boca

enredada en tus cabellos."



Ramón Sampedro

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012



Da chama à espada

o caminho é solitário.
 
Que me quereis,

se me não dais

o que é tão meu?



Eugénio de Andrade in Sê tu a palavra

Foto de Walrus Fields

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Essência




Essência by NéLadeiras
Miguel Esteves Cardoso/Né Ladeiras

Um fumo verde nos teus olhos vai
Sumo e sede de musgo deles sai
Se se evolar
Se estiolar
Hei-de guardar
A essência do olhar
Nos meus

Um lume branco nos teus olhos arde
Ciúme de fogo que arranco já tarde
Se esmorecer
Se se apagar
Hei-de reter
A essência do olhar
Nos meus

Olhos tardios
Cedo nos teus
Olhos vazios
Cheios dos meus


Para o Hélder António que descobriu a essência há muito perdida.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012




Não sou a areia

onde se desenha um par de asas

ou grades diante de uma janela.

Não sou apenas a pedra que rola

nas marés do mundo,

em cada praia renascendo outra.

Sou a orelha encostada na concha

da vida, sou construção e desmoronamento,

servo e senhor, e sou

mistério



A quatro mãos escrevemos este roteiro

para o palco de meu tempo:

o meu destino e eu.

Nem sempre estamos afinados,

nem sempre nos levamos

a sério.




- Lya Luft in Convite

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Fazendo o possivel por lá chegar...




I feel part of the universe

Opened up to meet me

My emotion so submerged

Broken down to kneeling

Once listening

Voices they came

Had to somehow read myself  (...)





O corpo tem abóbadas onde soam os
sentidos se tocados de leve ecoando longamente
como memórias de outra vida.
O passado não está ainda pronto para nós,
nem o futuro; é certo que
temos um corpo, mas é um corpo inerte,
feito mais de coisas como esperança e desejo
do que de carne, sangue e nervos,
e desabitado de línguas e de astros
e de noites escuras, e nenhuma beleza o tortura
mas a morte, a dor e a certeza de que
não está aqui nem tem para onde ir.

Lemos de mais e escrevemos de mais,
e afastámo-nos de mais. pois o preço
era muito alto para o que podíamos pagar .
do silêncio das línguas. Ficaram estreitas
passagens entre frio e calor
e entre certo e errado
por onde entramos como num quarto de pensão
com um nome suposto. E, quanto a
tragédia, e mesmo quanto a drama moral,
foi o mais que conseguimos.

A beleza do corpo amado é, eu sei,
lixo orgânico; e usura, de novo usura;
com o oiro e com o mármore
dos dias harmoniosos construímos
quartos de banho e balcões de bancos;
e grandes gestos, agora, nem nos romances,
quanto mais nos versos! E de amor
melhor é não falar porque as línguas
tornaram-se objecto de estudo médico
e nenhuma palavra é já suficientemente secreta.

Corpo, corpo, porque me abandonaste?
«Tomai, comei», pois sim, mas quando
a química não chega para adormecer
a que divindades nos acolheremos
senão àquelas últimas do passado soterradas
sob tanta chuva ácida e tanta História,
tanta Psicologia e tanta Antropologia?
A memória, sem o corpo, não cintila nem exalta
e, sem ela, o corpo é incapaz de nudez
e de amor. Agora podemos enfim calar-nos
sem temer a solidão nem a culpa
porque já não há tais palavras.



Manuel António Pina in Separação do Corpo

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012


And when you think more than you want
Your thoughts begin to bleed (...)

Eddie Vedder (Society)