domingo, 21 de abril de 2013

Porque vos amo

 A estória das galinhas da minha vida.
❤♡♥♡♡♥♡❤

Tudo começou com Clarinha e o seu olhar  diferente do de todas as franguinhas que estavam na feira.
Eu queria passar longe das gaiolas, que usualmente estão lotadas e sem condições nenhumas para os animais ficarem as horas necessárias para o negócio, mas Clarinha sobressaiu por estar a leste  daquele burburinho de penas o que me "forçou" a parar...
A pouco e pouco foi empurrando todas as outras até chegar perto da grade e do meu dedo. Não fez nada. Fixou-me  muito séria, primeiro de frente depois de perfil ligeiramente inclinado.
Os seus olhos brilhantes apagaram  tudo o que havia à minha volta e levei-a para casa naquela manhã de 8 de Março.


Clarinha da estrita observância
--❦--❀
Toininha estava numa loja de artigos agrícolas e os seus vocalises chamaram-me de longe.
Andava na extremidade da enorme superfície à procurava de uma cerca de madeira para a casa de Clarinha quando decidi ir ver quem era a dotada de tanta variedade vocal. Mais uma vez o gaiolão estava cheio de galinhas, galos e frangos e para ter a certeza de qual delas saía tal cantoria experimentei uns cacarejos que memorizara minutos antes. A resposta foi imediata. Veio de asas semi-abertas,  abrindo caminho num passo bamboleante, numa cantilena que se juntou à minha. Reparei que a parte superior do biquinho estava partida. Assim que o funcionário entrou no recinto apressei-me a declarar que a levava sem dar mais espaço à estranheza da sua expressão. Uma mulher a cacarejar para uma galinha não seria normal, mas para mim foi o encontro com a penuda mais especial da minha vida.

Tornou-se amiga inseparável de Clarinha.

Dormiam empoleiradas muito juntinhas, esgravatavam em duo, passeavam por entre as couves asa com asa, atiravam-se aos vegetais picados com farelo e milho na mesma gamela embora cada uma tivesse a sua.

Gostou sempre de ouvir música. Cheguei a tocar para ela e nunca deixou de fazer os seus coros para mim. 

Toininha cantadeira
 ●~*

Entretanto tinham chegado ao galinheiro a Lua, a Estrela e a Gema. Esta era a mais tímida de todas. Isolava-se e enervava-se com o jeito desconfiado e mandão das duas primeiras. A Lua era a que mais refilava na hora da comida e esvoaçava sobre as outras. Um dia esvoaçou demais (foi a conclusão que tirei) e foi parar junto do Sírius. Percebemos que não a tendo comido terá só querido brincar com ela, matando-a. Foi um desgosto imenso. Chorei sentidamente com a visão da Lua deitada por baixo da nespereira de pescoço partido.

Passado uns tempos a Estrela deixou de comer. Aninhava-se na cama de palha e ficava absorta. Levei-a ao veterinário, não queria mais mortes no galinheiro. Receitou-lhe um remédio para juntar à água. Desconfiava que seria um parasita e o tratamento consistia em limpar-lhe o aparelho digestivo a fim de o expulsar. Ficou em casa, na transportadora. Dias e dias de vigia. Melhoras começou a tê-las, já comia com mais gosto. Preparava-lhe uma mix especial de vegetais da horta com milho e farelo. Cada vez melhor. Senti-a saturada da transportadora e levei-a para o galinheiro.  Vigiei-a e vi-a passear, debicar, beber água... Fiquei feliz. Horas depois encontrei-a morta, perto do poleiro, espojada no chão. Foi um choque. Chorei que me fartei. Liguei ao veterinário, queria uma explicação para o que acontecera, mas não houve nenhuma.


Lua e Estrela


A Gema adorava ir para a horta e eu não me importava nada que bicasse as courgettes, as alfaces, as couves, que passasse por cima dos tomateiros, ela era  feliz na sua timidez e eu não interferia. Ela era do campo. Por vezes chamava-a para lhe dar milho, mas só o ia buscar quando eu me afastava. Ao fim do dia recolhia-as para o galinheiro, mas comecei a achar estranho encontrá-la lá dentro sozinha. Teria ela  encontrado uma passagem que a levasse até lá? As redes não tinham buracos... a  cerca de madeira era alta e sem espaços por onde ela pudesse passar.

Dias depois viram-na voar como um pássaro da horta para o galinheiro, passando por cima da cerca, das redes e do Sírius. Gema já era grandinha, comia bem, punha  ovos lindos. Nesse dia do vôo fatídico viram também o salto de parkour que o Sírius deu, atingindo-a em cheio. Não lhe mordeu, mas  matou-a de susto. Chorei desalmadamente pela tão pouca sorte da Gema. Chorei pelo estado de confusão do Sírius.


Gema dos campos


Tempos depois ofereceram-me a Nefretite. Não nos escolhemos. A mão de quem a tirou do poleiro da quinta onde vivia decidiu-se por ela, por ser pedrês, adulta e bonita.  Ela não gostou e eu também não de a ver debater-se contra aquela decisão. A vida tem coisas assim... por lá andava um galaró que atacava todas as galinhas. Uma delas andava toda arranhada e eu perguntei o que poderiam fazer para o acalmar. Nada. Amanhã iria para a panela. Fiquei gelada. 

Na viagem de regresso jurei a Nefretite que NUNCA mais seria incomodada por galarós grandes ou pequenos, que no galinheiro reinava o sossego e eu só gostaria que me desse os seus ovos quando os pudesse pôr. 

Não me esqueço do que senti. Não me esqueço do que sinto. 
Amo cada uma delas por tudo o que são e pelo que acrescentaram à minha vida.


Nefretite casta diva

4 comentários:

  1. Totalmente. Nunca comeria animal algum tratado por mim, assim como os que "vivem" em condições vergonhosas para enriquecimento de gente sem escrúpulos.

    O mundo dos "homens" deixa muito a desejar e o mais estúpido disto é que as pessoas comem sem perceberem (ou não querem perceber) que estão a ingerir alimento que os vai fazer ficar doentes:

    1- Dejectos da corrente sanguínea do animal morto, germes, e drogas injectadas para compensar doenças animais.

    2. Toxinas do medo, despejadas na corrente sanguínea do animal no momento do abate.

    3. Bactérias da decomposição putrefaciente, que começam a medrar assim que o animal morre. Porque carne é um excelente isolante, nem todas estas bactérias são mortas ao cozinhar.

    Devido a alimentação forçada, engaiolamento, e outras práticas antinaturais, animais criados para o abate sofrem de dúzias de doenças, tais como febre aftosa, febres, condições catarrentas, câncer, tuberculose e mastite.

    Além disso, as aves frequentemente vêm impregnadas de estrogenios, que por sua vez podem causar cancro.

    Imediatamente depois deum animal ser abatido, dá-se o rigor mortis e o processo de decomposição inicia-se. Assim, comer carne envolve sempre consumo de carne decomposta junto com seus perigos inerentes para a saúde.

    A implementação de protecção animal a nível internacional seria um grande passo para a frente, no sentido de resolver a crise alimentar mundial.

    Além de tudo acima, deve-se notar os seguintes ítens:

    1. Abater animais causa sofrimento extremo. Animais são criaturas sensíveis com sentimentos como os seres humanos.

    2. Não temos nenhum direito de acabar artificialmente com a vida de qualquer criatura.

    3. Matar animais gera profunda insensibilidade para com todos os seres, sadismo e irreverência geral. Pitágoras ensinava: "Aqueles que matam animais para comer serão mais propensos que os vegetarianos a torturarem e matarem os seus companheiros humanos."


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  2. Quando me interessei pela Kabbalah acreditei que os procedimentos sobre esta matéria de abate seriam diferentes.

    Um dos professores que veio a Portugal pediu expressamente comida kosher. Que lindo, têm um rabino que cuida de cada espécie com orações e não é permitido, segundo a lei judaica, nenhum tipo de sofrimento.

    Tempos depois descobriu-se que não era assim:

    Cada animal é colocado num tambor giratório, para que possa ser morto de ponta cabeça, como exigido pelos rabinos Ortodoxos em Israel.

    Imediatamente depois que o matador religioso, ou shochet, corta a garganta, outro empregado abre a garganta do boi com um gancho e arranca sua traquéia e o esôfago. O tambor gira, e o boi é atirado ao chão. Um após o outro, animais com sua traquéia para fora levantam-se ou tentam levantar-se; por vezes a morte demora três minutos.

    Na maioria dos locais kosher, os animais são presos antes das suas gargantas serem cortadas, e os órgãos não são rasgados; o shochet é proibido de rasgar sob a lei judaica. Em abatedouros não-judeus, os animais por lei precisam estar inconscientes antes de serem mortos.

    Virtualmente todos os defensores do abate kosher, chamado de shechita, insistem que o corte rápido com uma lâmina de 60 centímetros não é desumano porque causa uma morte instantânea e indolor.

    A lei judaica proíbe o abate de animais feridos ou doentes, portanto não podem ser atordoados primeiro com martelos de pressão, pistolas ou eletricidade.

    O rabino Chaim Kohn, da AgriProcessors, disse que os bois não sentem nada, mesmo com eles debatendo-se no chão e batendo com as suas cabeças na parede. “Comportamentos inconscientes e externos do animal não têm nada a ver com a shechita”, disse o rabino.

    Kosher significa correcto, justo, bom. Aplicado à comida, significa que é apropriada ao consumo, isto é, que preenche todos os requisitos da dieta judaica. Não é o caso...

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    1. Há um monte de coisas sobre as quais nunca pensei. Quando não me ocorre nada para dizer é porque... não há piedade no vazio, e acho que perdi a fome!

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