Soneto de Eurydice
Eurydice perdida que no cheiro
E nas vozes do mar procura Orpheu:
Ausência que povoa terra e céu
E cobre de silêncio o mundo inteiro.
Assim bebi manhãs de nevoeiro
E deixei de estar viva e de ser eu
Em procura de um rosto que era o meu
O meu rosto secreto e verdadeiro.
Porém nem nas marés, nem na miragem
Eu te encontrei.
Erguia-se somente
O rosto liso e puro da paisagem.
E devagar tornei-me transparente
Como morte nascida à tua imagem
E no mundo perdida esterilmente.
Lindo!
ResponderEliminarPartiu há 5 anos... mas estará sempre aqui (direcção do coração) :-)
ResponderEliminarSenti que estava às portas do meu reino,
ResponderEliminarEntre as sombras brilhavam as paisagens
Que os meus sonhos antigos desejavam.
Mas o terror expulsou-me das imagens
Onde já os meus membros penetravam.
Sophia
(Já me perdi no meio das folhas,oh Maria...Bj*)
ResponderEliminarSONETO MARÍTIMO
ResponderEliminarEntre os odores das algas cavalgo
Com o corpo virado a poente
Onde sou uma pergunta urgente
Sobre a página em branco que salgo
Bebo ao mar os sonhos com que galgo
O passado e estudo o presente
Para plantar ao futuro inocente
Os búzios que guardam as marés de algo
Escrevo arabescos à nascença
Com as mãos velhas das respostas novas
Vendo que as marés vivas sem licença
Espalham ao mundo as doces trovas
Que inovam aos lábios da descrença
O berço onde se revoltam as ovas.
Jorge Mesquita
Leio Sophia com a mesma sensação do início: suspensa num transe do outro lado do espelho.
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