sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ícaro


O sol dos Sonhos derreteu-lhe as asas.
E caiu lá do céu onde voava
Ao rés-do-chão da vida.
A um mar sem ondas onde navegava
A paz rasteira nunca desmentida...
Mas ainda dorida
No seio sedativo da planura,
A alma já lhe pede impenitente,
A graça urgente
De uma nova aventura







in Miguel Torga, Diário, XII

3 comentários:

  1. Quem faz asas de cera para ir ao Sol, nunca conheceu a cera e tampouco o sol...

    ResponderEliminar
  2. :) Gosto muito de corações inquietos...
    Por vezes, as asas podem derreter, mas há a certeza de nascer sempre um sol! A dar asas...
    Beijos!

    ResponderEliminar

Dentro da nave