terça-feira, 22 de novembro de 2011

Porta vozes




Isto já foi bonito – diz olhando o rio e lembra-se da festa que sentia de cada vez que uma nova ideia a fazia correr para casa, aquele sossego monástico onde registava a sequência harmónica no seu gravador. E já numa concentração metamórfica que ascendia qualquer estado de transcendência inexplicável, procurava incoerências que não podiam constar do vocabulário que dava à fala daquelas mulheres silênciosas um sentimento que a preenchia.

E assim ficava dias e dias à volta das estórias que aquelas almas lhe haviam confiado.

Não sabe ao certo o que fará com tantas vidas provavelmente continuar pelas margens de cada uma e seguir o rasto de mais silêncios urgentes, que precisem de ser cantados, antes de se despedir do rio que já quase nada lhe diz.

2 comentários:

  1. As mulheres silenciosas estão em que canto?...
    Nem sempre o rio desagua no mar!

    ResponderEliminar
  2. No meu canto estão, fazem parte dele.
    O rio fica poluído de impossibilidades...

    ResponderEliminar

Dentro da nave