quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Canção

Fotografia de Jessica Lange
 
 


Viver não dói. O que dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido.
 
Emílio Moura in Canção

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Tito no estágio

Tito, o gatinho resgatado pelos bombeiros

Tito com o mano Pamir a espreitar por trás dias depois de chegarem à associação.


Fiquei com muita vontade de trazer o Tito para casa quando o Pamir foi adoptado. Esta criaturinha calma e meiga deu-se sempre bem com os adultos do gatil que aguardam por um lar, mas por ser preto  e ter uma fístula labial (que começou a ser tratada assim que ficou aos cuidados da ASPA) talvez fosse um entrave porque nem toda a gente gosta de gatos pretos e com "defeito".

Propus-me, como fiz com outros dois gatinhos já adoptados, a socializá-lo com os nossos cães para constar do seu "currículo". Gatos que se dão com cães não é assim tão inédito e a prova é que há bastante gente que opta por tê-los juntos. É uma mais valia para todos: os que usufruem desta companhia radiante e os que assim podem ganhar um lar com outros amigos do infortúnio.

Criar laços de amizade e convivência segundo o conhecido lema "todos diferentes todos iguais" é algo em que acredito. Não propriamente no âmbito humano porque tenho registado quão difícil é acertar nas intenções que cada pessoa esconde por dentro, mas com os animais todos os dias aprendo que é possível e bem mais fácil! 

E assim o doce Tito chegou há uma semana ao nosso pequeno reino de 3 peludinhos e 3 patudinhos.


Tito a apanhar sol

E aqui estão as conclusões do "estágio" canino vivenciado pelo Tito:

Não foi nada difícil a sua socialização com o Jembé, Gabriel e Léah (de quem ele se tornou compincha de brincadeiras dada a proximidade etária de ambos).

Ficou surpreendido com a existência dos outros seres patudos e da forma como a podenguinha Nina o adoptou de imediato (parece-me que ela adoraria ter crias pois assume logo que todos são seus filhos e filhas...).

A Eva confundia-o por causa da quantidade pêlo, mas depois achou-o muito confortável para se enroscar e bater umas sonecas ao serão!

O Sírius fazia-lhe mesmo medo. Assim que o viu bufou e arqueou-se para se fazer de grande quando o pobrezinho o tentava cheirar e lamber. Ao fim de 4 dias habituou-se ao seu tamanho e deixava que ele o acarinhasse. É claro que isto significava limpá-lo com a toalha porque cada lambidela era como mergulhar o Tito na banheira...

*Coisas que o Tito gosta:
Dormir na cama humana e fá-lo como se fosse uma pessoa. Cabecinha deitada paralela à nossa e virado para o mesmo lado!

Andar ao ombro ou por dentro do casaco de malha. Pode-se executar qualquer tarefa doméstica com ele no poleirinho a observar todos os procedimentos.

Não descobri o porquê da sua atracção pelo esfregão da loiça. O que é certo é que no fim da lavagem, que ele segue com muito interesse anichadinho na bancada, e depois do esfregão ser bem enxaguado aí vai o bom do Tito pegá-lo pelos dentinhos para o levar para algum lugar que nunca chega a ser porque eu, entretanto, tiro-lho! Bem, da primeira vez não vi e ainda hoje me pergunto onde o escondeu. Depois de muitas voltas fui buscar outro à embalagem e os olhinhos dele até brilharam!

Constatei que gosta de leite de soja cornflakes e centeio. Fiquei em estado de choque quando o vi "atacar" o meu prato de cereais. Ora, nunca me tinha passado pela cabeça que se pudesse entusiasmar com o meu tipo de alimentação matinal , portanto deixei o prato poisado por uns momentos, os suficientes para que ele se lambesse com parte do meu pequeno-almoço. É óbvio que não o deixei repetir a gracinha porque não sei o que lhe poderia ter acontecido à barriguinha.

Gosta igualmente do pão de soja que faço em casa porque já o apanhei a comer pedacinhos que ficam no cesto e, além disso, foi-me à manteiga de soja. Cheirou a Becel e não ligou, mas com a outra, a Alpro, estava preparadinho para fazer um assalto!

Na verdade nem me devia admirar porque a minha Léah é louca por Tofu... para mim foi ela que lhe pôs estas ideias na cabeça!

*Coisas que o Tito não se importa nada:

1 - Banho e secador. É verdade! Dei-lhe um banhinho quando chegou cá a casa para ficar com o cheiro que a Tribo reconhecesse de imediato e nem um ai nem um ui. Pensei eu depois que o secador lhe faria medo, precisava de o secar porque estamos no inverno. Pois a coisa correu muito bem e assim que ele sentiu o quentinho que vinha daquele bico parecido com o de um pato não quis mais saber do barulho que fazia e adormeceu enquanto a secagem progredia.

2 - Limpeza de orelhas e unhas aparadas. É uma maravilha! Fica muito sossegadinho e aguarda que a sessão acabe com toda a tranquilidade.

*
O Tito é um gatinho notável em todos os aspectos. Tem muito bom carácter, é doce e meiguinho, bem disposto, brincalhão e ADORA colo.


*Coisas que o Tito não gosta: portas fechadas


*Coisas que fazem parte do dia-a-dia do Tito:

1 - Comida - ração seca para gatinhos (fundamental) peixinho cozido (que costumo dar a todos aos fins de semana);

2 - Actividades - arranhador, bolas para gatinhos, bonequinhos de peluche, estar à janela (devidamente fechada) a apanhar sol

3 - Hobbies - música relaxante
NOTA IMPORTANTE: a fístula labial foi tratada como se pode ver. Ficou com um risquinho claro abaixo do narizinho, o que lhe dá muita graça :)






Este gatinho excepcional já tem uma dona em vista :)
Irá para uma nova casa já na próxima 5ª feira, mas vai deixar muita saudadinha por aqui, como a Shanti e o Vivaldi deixaram. Cada um à sua maneira e tão únicos.

Outros pendurinhas virão para que consigam ter a mesma boa sorte nas suas vidas e eu cá estarei para lhes mostrar que os patudos são seres com quem também podem contar!

domingo, 16 de dezembro de 2012

sábado, 15 de dezembro de 2012

O que é que a Idália Serrão vem fazer para Santarém?




Preciso que me elucidem.

O PS não tem um candidato melhor para a câmara de Santarém????

Idália Salvador Serrão (ex-Moniz de apelido) está a fazer-se ao piso o que é muito preocupante.

Nunca fez nada de notável na vida a não ser numa situação muito delicada e que emocionou muito portugueses em que se destacou pelas infelizes e redundantes declarações de quem se está a marimbar para o assunto.

Decorria o ano de 2009 e uma criança russa foi entregue à mãe biológica por decisão de um juiz que desconhece o que é ter filhos.


Ora a D. Idália que depois de calcorrear as capelinhas como:
 
1 - presidente da junta de freguesia de Almoster, vereadora da Câmara de Santarém  nas áreas da Cultura, Acção Social, Património, Turismo, Saúde e Defesa do Consumidor (lista considerável...); 
 
2 - Presidente da Comissão Concelhia de Saúde de Santarém e Conselho Local de Acção Social (ainda no exercício de vereação);
 
4 - ganhar mais um título de Vice Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Santarém e do Festival Nacional de Gastronomia, (já estou a ficar tonta de tanto escrever);
 
5 - integrante do Grupo coordenador do Plano Municipal de Prevenção Primária das Toxicodependências de Santarém (eu não digo? Isto nunca mais acaba)
 
6 - coordenadora do Gabinete Municipal de Apoio aos Imigrantes e Minorias Étnicas e o Gabinete de Psicologia para apoio a Crianças e Adolescentes do Concelho de Santarém e coordenou o Grupo de Trabalho para constituição da Rede de Teatros e Cine-Teatros de Lisboa e Vale do Tejo.
(esta parte foi mesmo retirada assim à bruta da wikipedia porque a minha paciência esgotou-se)...
 
7 - candidata ao Parlamento Europeu de 2003 a 2004 (ai não...!);
 
8 - Presidente do Departamento Federativo de Mulheres Socialistas do PS de Santarém (que bom!); 
 
9 - Presidente da Assembleia da Comunidade Urbana da Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo (ahhhh super-mulher!);
 
10 - secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação do XVIII Governo Constitucional  (E ERA AQUI QUE EU QUERIA CHEGAR! UFFFFFA!!!)
 
Na qualidade deste título um pouco extenso e que não serviu para nada, a coleccionadora de funções, Idália Serrão, após a decisão vergonhosa do juiz do tribunal vimaranense   afirma que " a decisão do Tribunal de Menores foi tomada tendo em conta o superior interesse da criança". 


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Mas o que se previa e temia aconteceu: A criança foi entregue aos bichos.

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Ou seja, esta é a prova acabada que os títulos e currículos longos não fazem as pessoas tal como aquele ditado muito sábio:  o hábito não faz o monge.


Eis que surge passados 3 anos com esta pose extraordinária  e ainda por cima a anunciar a má-nova

"Estou disponível para ser candidata do PS à Câmara de Santarém"

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Fico perplexa com tamanha desfaçatez porque cheira e muito a "estou disponível para o tacho porque a crise está impossível e tenho que fazer pela minha vidinha".

Minha srª, vá tocar violino e deixe a candidatura para alguém mais capaz.

Quem não sabe defender os interesses de uma criança não está apto a defender uma sociedade mais justa.

 


domingo, 9 de dezembro de 2012

Não devia



 
 
Sobre a notícia do aumento de maus tratos físicos nas famílias onde não havia este tipo de comportamento, recordei-me de um episódio que presenciei há 1 ano no Modelo de Torres Novas. 

 Uma família de classe média, pai, mãe, muito bem vestidos e com uma imagem de família próspera, um jovem de cerca de 14 anos, cabelo comprido penteado para o lado e uma menina de 6 ou 7 anos pela mão da mãe, estavam às compras como eu. Na banca da fruta o jovem aproximou-se do pai e disse-lhe a
lgo em voz baixa. O pai não respondeu. Continuou a meter a fruta no saco (lembro-me que eram laranjas) e o rapaz foi ter com a mãe.

Quando se estava a encaminhar para ela e para a irmã o pai volta-se de repente e por trás dá um soco enorme nas costas do filho. Este virou-se com um ar espantado e de dor, com os olhos cheios de lágrimas a olhar para o pai. A mãe que assistiu a tudo não foi capaz de nada. Eu que já estava parada a observar a situação senti uma raiva subir por mim e comecei a dar a volta à banca (pois estava do outro lado de frente para o tal pai) disposta a dar um bofetão naquele tipo. O meu filho segurou-me no braço e arrastou-me dali com toda a firmeza enquanto me dizia: Mãe! O que vais fazer??? Não podes bater no homem!

E saí do Modelo a chorar desalmadamente pelo miúdo, pela expressão incrédula que lhe vi, chorei de raiva por um pai socar cobardemente pelas costas o seu próprio filho. Chorei por me sentir impotente e não se fazer justiça ali naquele momento. Chorei por todas as crianças e jovens que todos os dias são tratados desta e de outras formas diabólicas.

 Nunca mais me esqueci do rosto daquele miúdo, da imagem da família com roupas de marca e ar próspero e daquele violento soco.