Os anos da Valentim de Carvalho....
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Pergunto-me que Essência é esta colada a um Sonho Azul (?) ...
Os anos Valentim de Carvalho não terão sido, seguramente, os melhores . Contudo, foram anos que me ensinaram a escolher o que não queria. E o que eu não queria era tornar-me em alguém que não eu.
Alhur foi o contacto que transcendeu a mera experiência de ligação com a "máquina" .
Suspeitei que ía ser uma luta renhida, a de fazer prevalecer as minhas ideias, a minha música.
Mas Alhur fez-se e agradeço por isso. Agradeço ao Miguel Esteves Cardoso que traduziu as melodias para a Palavra, ao Ricardo Camacho que produziu o ambiente sonoro com toda a seriedade.
Agradeço aos músicos que sentiram e respeitaram o meu mundo, apesar de não estarem totalmente na mesma frequência.
Com muita graça, o Paulo Pedro Gonçalves perguntou-me: Tens alguma coisa contra a música de dança?
Alhur é um momento pronunciado, um rio limpo que atravessou a alma sem danos.
Porque o misturaram com um sonho afogado?
Muitos parabéns! Fico com pena que tenha deixado a música, mas respeito a sua decisão!
ResponderEliminarHá uma certa ideia sobre a minha suposta imprevisibilidade e inconstância...
ResponderEliminarComo é o 1º comentário merece uma resposta aberta. Estava a pensar na ideia que se criou da Né ser um ser irregular, de idealizar projectos e desaparecer.
Tenho, de facto, uma lista de coisas que não foram concretizadas: Um disco sobre a vida de Isabelle Eberhardt, outro inspirado na pintura de Frida Khalo, ainda outro de cantares pagãos e religiosos... e mais alguns....
Na música, como em qualquer outra vocação,tem de se ser inteira e amar o que se faz, não pelo que se pode receber, mas pelo que se dá.
As editoras pautam-se por critérios de mercado que não contemplam mais do que um lucro feito de traições.
Neste anos vi o que a "máquina" empresarial fez às pessoas. Vi a pressão ser feita para fabricar um hit que fizesse parte das "playlists" das rádios.... o polvo tem tentáculos que chegam onde não queremos. E eu não quis ser escrava da mentira. Por isso escolhi ser secretária clínica, forcei-me a tricotar camisolas de lã, a fazer comida para fora, a atender telefones, a isolar-me na minha Paz e no meu Amor pela Música.
Vi, de igual modo, a queda dos meus ídolos (e se eu os tinha)! Persiste, felizmente, a coluna intacta de José Afonso e o meu respeito por este tipo de pessoas impermeáveis é a minha religião. Tenho alguns "oásis" na música portuguesa, poucos, que me inspiram e alimentam as minhas convicções. Não estou sozinha, mas encostei a jangada por uns tempos, não sei se para sempre.
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Música que acompanhou esta resposta:
Hit Song - Peter Murphy
Viva. Claramente não consegui ficar indiferente a esta resposta.
ResponderEliminarSou um eterno admirador de todo o trabalho que foi desenvolvido pela Né, Miguel Esteves Cardoso, e Pedro Ayres Magalhães, amante de Alhur. À parte de tudo, ainda bem que esses Álbuns existem, e ainda bem que os descobri na minha passagem. Que felicidade ao saber que acontecia música em no nosso País com tanta espontaneidade, riqueza, imagens, conteúdo.... :)
Como aspirante a músico são essas realidades que me atormentam e tanto me deixam impregnados de dúvidas existenciais (e a uma grande parte dos músicos penso eu). É essa "máquina" que tritura maior parte dos nossos sonhos musicais e nos deixa muitas vezes sem motivo...
Bem-hajam pessoas e Músicos como a Né.
Muitos Parabéns por todo o seu trabalho e entrega total à finalidade da música, de corpo e alma.
Diogo
Ao ler o teu comentário concluí que vale a pena remar contra a maré e ser verdade! Não desistas e vai em frente Diogo. Força!
ResponderEliminarMuito obrigado. :) Assim farei.
ResponderEliminarNuma das minhas passagens aqui, para meu espanto, reparei que toca com um amigo que admiro muito, grande Francesco. :) Fico à espera de algum trabalho, excelente sem dúvida.