terça-feira, 9 de junho de 2009

Espanta Espíritos

Visto-me de penas e plumas como as garças que me ensinaram a surgir da nuvem escura por entre seixos e algas.
Fiz-me de voo ao vê-las rasar planícies cinzentas.
Contornei com elas penhascos agudos.
O azul é longe, mas elas adivinham a minha sede e descem comigo.
Pisamos a cor das horas nas areias claras à beira de lagos.
Quando o vento se levanta um pouco elas riem e dançam. Eu rio e toco-lhes o som do espanta-espíritos.
Elas dizem-me que dançam com o passado colado nas asas. Eu pergunto-lhes se não procuram o caminho de volta. Que não. Está apagado pela plumagem que foram largando.

*
Música: Bai-Laa Taigam - Sainkho

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