sábado, 24 de julho de 2010

Sírius trazido pelo Pastor



Foi o último a deixar a mãe. Estava a brincar com ela quando o chamaram para começar nova vida. Não foi fácil... mas veio. E veio em muito boa companhia porque quem o trouxe ama animais e a natureza, também a humana, ou não fosse o Pastor desta cidade.


Ouvi em muitas das suas homilias apelar ao respeito que todos devem a esta obra de Deus. Ouvi de todas as vezes a urgência de preservar o que estamos quase a perder. É assim que um Pastor fala para a comunidade católica é assim que desperta consciências. É assim que a religião faz parte da vontade de ser melhor e é assim que se cresce no sentido da Luz.


Há vocações inegáveis e o nosso Pastor detém a sua com um carisma fora do comum. Todos sabemos que os grupos são difíceis de gerir e que no seio católico ainda há egos e mentalidades que atrasam o crescimento individual e colectivo. O seu caminho tem sido espalhar a mensagem com alento e fé e lutar de forma solidária e generosa pelo elo mais fraco. Tem sido uma entrega incondicional e com obra feita. Tem sido o motor de muito esforço para angariar fundos e ajudar os que necessitam. E muitas vezes uma palavra de encorajamento é mais que pão para a boca! E muitas vezes uma palavra de gratidão pelo que tem conseguido também seria justa!


Quando cheguei a Torres Novas estava no meu pré-renascimento. Estava a começar do zero em todas as valências. Não sei ao certo porque escolhi ficar nesta cidade. Houve um conjunto de factores que me "disseram" que era aqui a minha casa. Eu senti como se fosse um regresso desejado depois de muito tempo à deriva. Amei a sua luz, o seu rio, o seu castelo, a suas praças e ruas, as suas gentes, a sua modernidade, a sua história, a sua vida de cidade e os seus templos.


Um acaso levou-me à Missa do meio dia, na igreja de S. Pedro, há cerca de 3 anos. Estava cheia de jovens, crianças, adultos, escuteiros, pessoas mais velhas e outras como eu. Fiquei admirada e aguardei. Depois percebi. Celebrava-se a Palavra viva, o amor incondicional de Jesus de forma tão genuína e tão diferente que fazia com que todos tivessem vontade de fazer parte desse momento. O Padre olhava cada um dos participantes nos olhos e falava para todos sem distinção. Ali estávamos na mesma condição: cristãos e aprendizes. Voltei outra e mais outra e mais outra vez. Passei a observar a disponibilidade deste Pastor para com todos, não só os do seu rebanho, mas incluindo também os que fazem parte desta cidade sem obrigatoriedade religiosa.


É uma pessoa muito querida e respeitada por muitos. Para os que praticam o mau catolicismo e a má-língua - felizmente uma cota menor - é contestado e criticado. Os grandes nunca passam incólumes pela vida. São amados por quem tem causas e sonhos e odiados por quem a frustração é a causa principal das suas vidas...


Neste momento a notícia caiu de forma inesperada. O Pe. Carlos Ramos tirou uma licença sabática de um ano para fazer a tese de doutoramento em ”condições familiares na formação da identidade, expectativas e sucesso escolar". Depois, como ele diz, ”O futuro a Deus pertence. Irei para onde houver necessidade pastoral, sempre de acordo com a minha formação”. in O Torrejano


Mas ainda teve tempo de me trazer Sírius, mais uma causa para a qual teve disponibilidade e atenção, que ficará na minha estória como um acto coerente com o seu ideal missionário porque é nas coisas ditas pequenas que se vê o tamanho da alma de quem as pratica. E Jesus Cristo foi o Mestre mais disponível que o mundo teve. Quem interpreta a sua Palavra desta forma só pode estar no caminho certo percorrendo o seu trilho da forma mais correcta.


Sírius passou a estar em dois lugares do meu jardim. Lá em cima no céu e aqui ao pé de mim.


3 comentários:

  1. Adorei este seu Post. Infelizmente nunca me aconteceu ouvir um padre na sua homilia "apelar ao respeito que todos devem a esta obra de Deus", na "urgência de preservar o que estamos quase a perder". E mais uma vez se prova que quem ama animais está em melhores condições de compreender, respeitar e amar os humanos (mais uma vez, São Francisco :))

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  2. E bençãos.
    Agora é a tua vez de ser pastora do Sirius!
    Um enorme beijo do coração*

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