sábado, 31 de dezembro de 2011



Não podes impedir que os pássaros da tristeza voem sobre a tua cabeça, mas podes, sim, impedir que façam um ninho no teu cabelo.

- Provérbio Chinês

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Mark Ryden - The Tree of Life

Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados

Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos —

Por isso temos braços longos para os adeuses

Mãos para colher o que foi dado

Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer

Uma estrela a se apagar na treva

Um caminho entre dois túmulos —

Por isso precisamos velar

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:

Uma canção sobre um berço

Um verso, talvez de amor

Uma prece por quem se vai —

Mas que essa hora não esqueça

E por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre

Para a participação da poesia

Para ver a face da morte —

De repente nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente.



- Vinicius de Moraes, Poema de Natal in Antologia Poética

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011




Dizem que em cada coisa uma coisa oculta mora.
Sim, é ela própria, a coisa sem ser oculta,
Que mora nela.

Mas eu, com consciência e sensações e pensamento,
Serei como uma coisa?
Que há a mais ou a menos em mim?
Seria bom e feliz se eu fosse só o meu corpo -
Mas sou também outra coisa, mais ou menos que só isso.
Que coisa a mais ou a menos é que eu sou?
(...)


- Alberto Caeiro in Dizem que em cada Coisa uma Coisa Oculta Mora.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Idealismos

The Pleasure Principle de  Edward James

"Para um homem, o ser vencido ou derrotado na vida depende, não da realidade aparente a que chegou – mas do ideal íntimo a que aspirava".

in Vencidos da Vida

compadrio, cúpulas, ditaduras...

terça-feira, 20 de Dezembro de 2011 16:08

Cuba decreta luto oficial de 3 dias pela morte de Kim Jong-il



Cuba decretou hoje três dias de luto oficial pela morte do líder norte-coreano Kim Jong-il, informou a televisão estatal da ilha.

«O Conselho de Estado da República de Cuba decretou luto oficial pelo falecimento do companheiro Kim Jong-il, presidente do Comité de Defesa Nacional e secretário-geral do Partido do Trabalho da República Democrática Popular da Coreia, durante os dias 20, 21 e 22 de dezembro», indica a nota oficial.

Durante o período, a bandeira nacional cubana será içada a meia haste nos edifícios públicos e nas instituições militares.

A Coreia do Norte anunciou hoje a morte de Kim Jong-il, aos 69 anos, na sequência de um ataque cardíaco, após 17 anos a dirigir o país, que prepara agora a sucessão do seu filho mais novo, Kim Jong-un.

A Coreia do Norte e Cuba têm convénios de cooperação nos setores de educação, petróleo, agricultura e comércio.

Nos últimos dois anos várias autoridades norte-coreanas visitaram a ilha, como o chefe do Estado Maior Geral das Forças Armadas norte-coreanas, Ri Yong-ho, que foi recebido pelo presidente Raúl Castro em Havana em novembro deste ano.

in http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=549061

O que ficou



O que resta é pouco, muito pouco. 
Um sopro de vida não é a mesma coisa que esperança.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Vaclav Havel


As minhas sinceras condolências. Precisamos de pessoas assim!
O PCP EXPRESSA O QUÊ?????????????? Tinha de haver alguma coisa para o meu dia ficar nublado... o PCP devia expressar solidariedade ao povo coreano pelo que passou sob o jugo desse energúmeno.
F*** You!



http://www.publico.pt/Mundo/pcp-expressa-condolencias-ao-povo-nortecoreano--1525682

That Dreadful Insomnia by Sheeyo



Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga, Um Poema in Diário XIII

domingo, 18 de dezembro de 2011

Da próxima vez será assim!









Cruz




Cruz by NéLadeiras


 Desisti de saber qual é o Teu nome,

 
Se tens ou não tens nome que Te demos,


Ou que rosto é que toma, se algum tome,

Teu sopro tão além de quanto vemos.

Desisti de Te amar, por mais que a fome
Do Teu amor nos seja o mais que temos,

E empenhei-me em domar, nem que os não dome,
Meus, por Ti, passionais e vãos extremos.



Chamar-Te amante ou pai... grotesco engano
Que por demais tresanda a gosto humano!
Grotesco engano o dar-te forma! E enfim,
Desisti de Te achar no quer que seja,
De Te dar nome, rosto, culto, ou igreja...
– Tu é que não desistirás de mim!



José Régio, Ignoto Deo in Biografia

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Berlenga- Verão 1975

 Algures a ensaiar para mais uma campanha de dinamizaçao do MFA

 O tempo que amei

Com a  formação inicial da Brigada

 Campanha eleitoral - Abril 1976, antes do concerto com a Brigada Victor Jara

Vale do Jamor -  Festa do Avante 1978

 No mesmo ano com o canto na boca

 Festa do Avante 1978

 Brigada Victor Jara 1978

 Sesimbra 1978

Moscovo, Abril 1978

Há noites assim. Queremos dormir e vem-nos à ideia um tempo em que já fomos felizes. O sono espanta-se com aquela saudade enternecedora. Não é a voz do saudosismo a (a)gravar (n)a insónia, nem é regressar a qualquer custo para se ser feliz de novo, mas só para recordar que já se foi . E eu tive um tempo em que vivi na luz. E dormia.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011




Porque há outras viagens possíveis até se chegar ao que levou uma vida inteira para se ser.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011



Um gato, em casa sozinho, sobe

à janela para que, da rua, o

vejam.



O sol bate nos vidros e

aquece o gato que, imóvel,

parece um objecto.



Fica assim para que o

invejem - indiferente

mesmo que o chamem.



Por não sei que privilégio,

os gatos conhecem

a eternidade.





Nuno Júdice in Assinar a Pele (antologia de poesia contemporânea sobre gatos)


Nas entranhas da terra
 
a minha alma desliza
 
silenciosa como um cometa.



- Tomas Tranströmer in O Rochedo das Águias

sábado, 10 de dezembro de 2011

Etnias contagiantes :)





Contagiarte






Frequentar, usufruir, divulgar. Este centro de formaçao cultural portuense faz TODA a diferença. Um espaço numa cidade pródiga em circuitos alternativos de extrema qualidade. Seguir exemplos desta natureza faz-nos mais felizes!

Para mais detalhes naveguem para aqui  http://www.contagiarte.pt/  ;)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011



Ó firmamento de palavras
 
de muitos dialectos são
 
e das bocas
 
erguem rezas
 
suaves
 
que dão forma aos céus




 
Descem astros
 
descem luas
 
e entre as mulheres
 
estão
 
e andam sombras
 
à procura
 
na clara noite da mansidão



- Fausto in Diluídos numa Luz

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

La Guitarra


Empieza el llanto

de la guitarra.

Se rompen las copas

de la madrugada.

Empieza el llanto

de la guitarra.

Es inútil callarla.

Es imposible

callarla.

Llora monótona

como llora el agua,

como llora el viento

sobre la nevada.

Es imposible

callarla.

Llora por cosas

lejanas.

Arena del Sur caliente

que pide camelias blancas.

Llora flecha sin blanco,

la tarde sin mañana,

y el primer pájaro muerto

sobre la rama.

¡Oh, guitarra!

Corazón malherido

por cinco espadas.

- Federico García Lorca

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

(...)

Espera-me uma insónia da largura dos astros,

E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

(...)

Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam

— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;

Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam

— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;

Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,

E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

(...)
 
Álvaro de Campos  in  Poemas

domingo, 4 de dezembro de 2011

Confidências



Passei os meses seguintes a fazer tudo para aceitar o que me foi tirado. Concluí não estar preparada para a complexidade da vida depois da vida. Prefiro sofrer a despedir-me do mundo onde não tenho sido feliz mas, ainda assim, o único que conheço.

As hostes têm vindo a tombar na frente da guerra inevitável entre a vida e a morte. Este combate inútil, determinado desde a génese dos tempos, revolta-me e complica-me a existência precocemente fragilizada pela sombra das perdas.

Na trincheira do pânico vejo esgotar-se a pequena reserva de força. As emoções consomem-se para deixar passar a voz que subsiste apesar de todas as dores.

Sou uma sombra do que fui e enquanto esta chama persistir sobreviverei a qualquer morte  – rezo noite dentro.

Por quanto tempo mais?