terça-feira, 30 de junho de 2009

How does it feel?

I was wandering in the rain
Mask of life, feelin insane
Swift and sudden fall from grace
Sunny days seem far away
Kremlins shadow belittlin me
Stalins tomb wont let me be
On and on and on it came
Wish the rain would just let me

How does it feel (how does it feel)
How does it feel
How does it feel
When you're alone
And you're cold inside

Here abandoned in my fame
Armageddon of the brain
KGB was doggin me
Take my name and just let me be
Then a begger boy called my name
Happy days will drown the pain
On and on and on it came
And again, and again, and again...
Take my name and just let me be

How does it feel (how does it feel)
How does it feel
How does it feel
How does it feel
How does it feel (how does it feel now)
How does it feel
How does it feel
When you're alone
And you're cold inside

How does it feel (how does it feel)
How does it feel
How does it feel
How does it feel
How does it feel (how does it feel now)
How does it feel
How does it feel
When you're alone
And you're cold inside

Like stranger in moscow
Like stranger in moscow
Were talkin' danger
Were talkin danger, baby
Like stranger in moscow
Were talkin' danger
Were talkin' danger, baby
Like stranger in moscow
Im livin lonely
Im livin' lonely, baby

Enquanto se espera por um funeral planetário (mais dolares a entrar nos bolsos-dos-parasitas-do-costume e familiares) espero, sinceramente, que a alma desconcertada de MJ se tenha libertado. Como se sentirá?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dobadoura e gira-discos


Depois da tenda do circo desmontada, decidi ir por outro caminho. Refugiei-me na Serra de Sintra por uns meses e, mais tarde, no centro histórico de Coimbra.
Repensar numa "estratégia" de sobrevivência, que nunca mais me obrigasse a fazer da música uma opção oportunista, requeria um espaço longe da "feira das vaidades" e dos seus despojos.

Descobri algumas habilidades a que me podia dedicar. Desenhei e produzi brincos em vinil, que eram vendidos como cerejas. O vinil, em questão, era uma quantidade de discos (LP's e singles)
muito riscados e deformados, que eu recortava com um pirogravador e que resultava em formas curiosas. Peças únicas e exclusivas. Assim que se acabou o stock de discos intocáveis, acabou-se a bijouteria...

Daí passei a um hobbie antigo, que era o tricot. As mulheres da minha família sempre foram muito hábeis nas rendas e nos bordados e em todos os trabalhos que requeriam paciência e muita habilidade de mãos. Faziam autênticas obras de arte e eu, bafejada por essa herança genética , incluía-me na faixa de tricotadeira esmerada.
A minha perícia preferia peças muito trabalhadas. Ponto Rosas de Portugal, Ponto Bordado Inglês, Ponto Florentino, Ponto de Diamante Ajourado, Ponto de Bambu, Ponto de Telha.... eram desafiadores! Quanto mais elaborada fosse uma peça, mais gozo me dava fazê-la.
Tricotei quilómetros de vestidos, camisolões, cachecóis, gorros, casaquinhos de bebé, carapins, mantas, xailes, casacos, pullovers.... à vontade do freguês!!! Os meus serões eram, assim, passados a escutar música, a percutir as agulhas e a dar laçadas.
O que é certo é que já não chegava para tantas encomendas.
Havia uma loja que vendia as minhas criações, fora uma quantidade considerável de clientes, que encomendava outras tantas. Andava assoberbada em trabalho.

Tinha uma dobadoura de madeira, comprada numa feira, que era o meu escape de velocidade. Colocava as meadas que rodopiavam à velocidade da luz até adquirirem a forma de novelos redondinhos, prontos para o saco de pano onde se juntavam às agulhas. Estas variavam do 2,5 até ao 8 conforme o trabalho que tinha em mãos.

Normalmente comprava lãs numa loja, na rua do Corpo de Deus, que adorava porque era um mundo de cores e espessuras. "Lãs Monteiro", assim se chamava. Quando não havia o que queria (o que era raro) encaminhava-me para as "Lãs Rostex", na rua Ferreira Borges.

Gostava dessa baixa movimentada, com pessoas que se dedicavam às coisas mais variadas: pares de namorados a fazer "piscinas" desde o largo da Portagem até à rua da Sofia, artesãos talentosos a vender as suas obras em bancadas coloridas, espontâneos a tocar e a cantar de-tudo-um-pouco, lojas atarefadas a atender clientes e a discoteca Novalmedina onde a figura da Lina imperava. Já lhe comprava discos em miúda e continuava a fazê-lo. Ela tinha um imenso gosto para além de saber o que se fazia e quem era o quê na música. Tudo o que fosse diferente e moderno ela tinha. Era uma simpatia e deu nome à casa. Paragem obrigatória a que eu fazia, com muito gosto, para visitar a Lina.

Sempre que podia tomava um café no Nicola, ou na Brasileira. Também havia o Central, mas esse era para outra faixa etária e, principalmente, de outro quadrante político. Eu adorava a Brasileira, apesar dos bolos do Nicola serem superiores, por ser um local de encontro. Jornalistas, intelectuais, activistas, estudantes, forasteiros, pessoas interessantes, que não faziam das bicas curtas ou cariocas em chávenas escaldadas, um acontecimento de corte e costura supérfluo. Ali "cortava-se", dissecava-se, e discutia-se, mas sobre causas com motivo e de forma apaixonada!

Quando, tempos depois, mudei para um apartamento no Quebra Costas (a casa mais engraçada que tive até hoje) pude apreciar de forma intensa aquele quotidiano no coração de Coimbra. Era um local privilegiado. De dia, a vida dos vários ofícios, que por ali se praticavam (o alfaiate, os marceneiros da casa dos móveis, a casa das canetas, o alfarrabista), de noite outras motivações que surgiam nas andanças que se escutavam por aquelas escadas bem puídas.
Eu, de balcão, presenciava alguns happenings que iam acontecendo no Bar do Quebra Costas.
Lembro-me do faquir que lá foi fazer uma performance e se queimou numa bochecha, e das sessões de boa música que ecoava pelas ruinhas da Sé Velha.

Até que um dia a música começou a chamar por mim, não para a cantar, mas para a passar. O meu querido amigo Franscisco Amaral que, para além da Íntima Fracção (programa de culto até hoje e que eu acompanhava enquanto tricotava) tinha um programa diário na RDP Centro - Boomerang - lembou-se que eu podia fazer uma rubrica semanal. Ora, logo a minha pessoa que sempre preferiu estúdios a palcos e a rádio à televisão, ficou encantada com o convite. Assim foi a minha 1ª experiência radiofónica à volta dos discos, com música feita por mulheres.


*
Música : Cloudbusting - Kate Bush

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Festas do Almonda - O Mundo em Torres Novas

03 JULHO I SEXTA-FEIRA 21H30
KONONO Nº1
Congo

Com um sistema de som construído artesanalmente, feito de partes de carro antigas, megafones, amplificadores respigados e likembés electrificados, os Konono Nr. 1 inventaram uma música perfeitamente hipnótica. Na sua base está a música transe ancestral da área de Bazombo, na fronteira entre o Congo e Angola, que aqui se altera, num casamento inquieto entre a tradição e a tecnologia, os ritmos africanos e as texturas do rock experimental e da música electrónica.
Música de dança imparável e cheia de distorção, para ouvir bem alto, e que nos transporta para
uma outra esfera!
www.myspace.com/konononr1

03 JULHO I SEXTA-FEIRA 23H00
PONTOS NEGROS
A Grande Lisboa num pequeno sing along; um minúsculo conto de fadas em cantiga maiúscula.
Roque-enrole do subúrbio. Eis os "Pontos Negros", eis as inseguras paixões com acne, eis as cinderellas pouco sofisticadas, eis a omnipresença de África, eis a grandiloquência da adolescência. Mais ou menos a mesma coisa que pôr uma agulha de gira-discos em cima dos carris da Linha de Sintra, e dançar na marquise…
http://www.myspace.com/ospontosnegros
03 JULHO I SEXTA-FEIRA 00H30
OS GOLPES
04 JULHO I SÁBADO 18H30
FALSA ESCUADRA
Argentina
CIRCO DANÇA TEATRO CLOWN
Falsa Escuadra é a história de dois homens e um armário. Um espectáculo argentino numa fusão entre o circo, a dança, o teatro e o clown. Com uma forte componente visual e musical, cria-se um mundo próprio em torno destes personagens e das múltiplas complicações e funcionalidades do seu armário, onde imperam o humor e uma poética surrealista.
Equilíbrio, malabarismo e acrobacia num espectáculo sem palavras, dinâmico e divertido, para toda a família!

Interpretes: Ivan Larroque Fernando Rosen
Desenho e realização do Armário: Ernesto Sotera
Figurinos: Laura Molina
Coreografia: Carolina Della Negra
Música original: Luis Rodrigo Díaz Muñíz
Produção: Escena Subterrânea - Cia movimiento Armario
Autores: Martín Joab, Ivan Larroque y Fernando Rosen
Direcção: Martín Joab
http://www.movimientoarmario.blogspot.com/

04 JULHO I SÁBADO 21H30
XXXI FESTIVAL DE FOLCLORE DE TORRES NOVAS
Rancho Folclórico de Torres Novas
(Ribatejo/Templários)
Rancho F. da casa do Povo de Vila Boa do Bispo
– Marco de Canavezes (Entre Douro e Minho)
Rancho Etnográfico de Esmoriz (Beira Litoral)
Rancho Folclórico de Montargil (Alentejo)

04 JULHO I SÁBADO 23H00
TUCANAS
MA MAZURKA

Cinco mulheres apostaram os seus argumentos criativos na construção de instrumentos composição de temas inspirados nas tradições portuguesas, africanas e brasileiras. Um espectáculo composto por uma forte componente cénica, onde brincam e jogam com o ritmo e a harmonia, num visual muito próprio, entre a sensibilidade feminina e a força rude de tocar percussão.
Ana Cláudia, Marina Henriques, Mónica Rocha, Sara Jonatas e Catarina Ribeiro

04 JULHO I SÁBADO 00H30
TNB

05 JULHO I DOMINGO 18H30
“OS GANHÕES” DE CASTRO VERDE
ACA – Associação de Cante Alentejano

As raízes do cante alentejano perdem-se na História, como na história de Castro Verde se perde a origem de um cantar ligado à terra, cuja tradição “Os Ganhões” perpetuam. Um cante que já foi de trabalho, que é agora mais de lazer e de convívio, mas sobretudo, e sempre, de afirmação cultural.
Um cante da planície, cantado por homens de face rugosa, habituados ao sol que incendeia a tarde, sedentos de partilharem este saber antigo, talvez tão antigo como esta terra onde habitam:
ALENTEJO de seu nome.é essa aragem."
“Os Ganhões” de Castro Verde conhecem o tamanho das palavras que cantam. Palavras singelas:
terra, sol, Alentejo: palavras imensas. “Os Ganhões” cantam o sentido dessas palavras tão grandes. E as suas vozes, espalhadas sobre a terra, entram dentro da gente e são infinitas.
José Luís Peixoto
http://www.ganhoescastroverde.com/

05 JULHO I DOMINGO 21H30
MUSAFIR
Ciganos do Rajastão, Índia
Das paisagens da Índia, os Musafir trazem-nos uma inovadora interpretação dos ritmos e sonoridades milenares da cultura hindu, num espectáculo que ultrapassa o espectro musical. O grupo desvenda as mais profundas raízes do Rajastão perfumadas por dançarinas encantadoras
de cobras, acrobacias com fakirs, engolidores de sabres e cuspidores de fogo. A palavra “musafir”, que significa “itinerância”, reflecte o modo de vida que inspira estes músicos ciganos
vindos do deserto indiano: o transe das tablas é festa para todos!

Hameed Khan - Tablas
Supki - dançarina
Mehboob Khan Langa – Harmonium e voz
Amjad Ali - voz
Sattar Khan - Dholak e Flauta dupla
Amiruddin - voz e Sarangi
Govinda - Faquir
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=0eKAL5WdWsY
http://www.myspace.com/musafirkawa

05 JULHO I DOMINGO 23H30
COMMEDIA A LA CARTE
VOLTA A PORTUGAL EM COMMEDIA

Os Commedia a La Carte são reconhecidos pelo seu trabalho na área da comédia de improvisação, os únicos em Portugal. Três actores actuam sob os caprichos do público, que sugere personagens e situações, imprimindo o ritmo do próprio espectáculo. Um convite à imaginação, sem cenários nem adereços, no qual o público é transportado para ambientes diversos pelo som de um DJ, que acompanha os momentos que se geram em palco.Um espectáculo aclamado pelo público, que conquistou um prémio no Humorfest em Lagoa em 2008 e que foi destaque, no mesmo ano, no Festival Cómico da Maia.
Interpretação: César Mourão, Ricardo Peres e Carlos M. Cunha
Sonoplastia: Dj Sérgio Mourato
www.commediaalacarte.com/commedia.htm

06 JULHO I SEGUNDA-FEIRA 21H30
ORQUESTRA IMPERIAL
Brasil
Em 2002, um grupo de amigos reuniu-se para formar uma típica orquestra de gafieira. A idéia era interpretar um repertório variado, boleros e temas dos anos 60, os clássicos da cultura de salão, com novos arranjos. Quando a Orquestra Imperial estreou, reuniu representantes das mais diversas vertentes da nova música brasileira. O palco, sempre aberto a participações especiais, fez da “big band” uma sala de estar dos mais diversos estilos musicais. Seu Jorge, Fernanda Abreu, Ed Motta, Bebel Gilberto ou Ney Matogrosso, são alguns dos artistas que por ali passaram.
Música carioca para dançar!
Nina Becker - voz
Bernard Ceppas - teclados e efeitos
Moreno Veloso - voz e percussões
Wilson das Neves - voz e percussão
Kassin - baixo
Duani Martins - voz e cavaquinho
Nelson Jacobina - guitarra
Rodrigo Bartolo - guitarra
Rubinho Jacobina - teclado e voz
Domenico Lancelotti - bateria e voz
Stephane San Juan - percussão
Bodão - percussão
Leo Monteiro - percussão electrónica
Felipe Pinaud - flauta
Altair Martins - trompete
Mauro Zacharias - trombone
Marlon Sette - trombone
http://www.myspace.com/orquestraimperial
http://orquestraimperial.com.br/

06 JULHO I SEGUNDA-FEIRA 23H00
LULA PENA
O seu primeiro disco Phados, lançado em 1998, chegou para conquistar o reconhecimento entre o público e a crítica. Regressa agora com novos concertos e um segundo disco para breve. Lula Pena é a encarnação do novo fado. Da renovação do fado tradicional em algo ainda mais puro, apurado e simples. Exótica, nómada, a movimentação geográfica leva-a a descobrir outras realidades e distintas possibilidades musicais, estabelecendo uma relação desta canção com outras, do Brasil e de Cabo Verde. Mas é o fado que a faz cantar Amália e Chico na mesma frase. Sem ninguém o prever, Lula Pena prepara-se para mais uma vez nos surpreender com a sua presença e voz em palco.
Lula Pena - voz e guitarra
http://www.myspace.com/lulapena

07 JULHO I TERÇA-FEIRA 21H30
CARAVAN PALACE
França

ELECTRO-SWING
Inspirados pelo génio de Django Reinhardt, o pai do Jazz Manouche ou Gipsy Jazz, os parisienses
Caravan Palace trazem este género de novo para as pistas de dança, mostrando que o seu potencial não ficou perdido no tempo. Os ritmos electrónicos endiabrados, o swing encorpado das melodias e a extraordinária voz da vocalista Colotis Zoe são as suas características maiores, que fazem dos concertos dos Caravan Palace uma verdadeira festa.
Charles Delaporte - contrabaixo
Hugues Payen - violino
Camille Chapelière - clarinete
AntonieToustou - máquinas e trombone
Sonia Fernandez Velasco - voz e clarinete
http://www.myspace.com/caravanpalace
07 JULHO I TERÇA-FEIRA 23H00
BUNNYRANCH

Os BunnyRanch estão de volta com o terceiro álbum de originais “Teach us lord…how to wait”. O Le Son foi o primeiro palco que pisaram e a este muitos se seguiram, nacionais e internacionais. Décadas de história de rock’n’roll (50’s, garage, pshcadelic, soul, punk rock e muito mais) são as influências mais marcantes deste quarteto de Coimbra, que imprime toda a sua garra,profissionalismo e talento nas prestações ao vivo.

Kaló - bateria, voz, percussão
Pedro Calhau – baixo
João Cardoso – orgão, piano, voz
Augusto Cardoso – guitarra
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=pbm5DGnHGpM
www.myspace.com/bunnyranchspace
08 JULHO I QUARTA-FEIRA 21H30
PAULO DE CARVALHO
DoAmor

Paulo de Carvalho regressa aos discos e aos palcos com “DoAmor”, um álbum com sabores de terras longínquas onde cada canção é uma aguarela de sentimentos e imagens. Um disco que celebra o amor e tudo o que ele encerra. Uma viagem guiada por uma das mais bonitas e marcantes vozes de sempre no panorama musical português.
Em “DoAmor”, como o próprio artista diz, mais do que cantar, Paulo toca voz.
Vítor Zamora Piano
Leo Spinoza Baixo
Cami I Guitarra
Marcelo Araújo bateria
http://www.paulodecarvalho.com/
08 JULHO I QUARTA-FEIRA 23H00
CACIQUE 97

Os Cacique 97 nascem em Lisboa, cidade-palco de encontro de várias culturas, com a vontade de espelhar a mestiçagem, através do cruzamento do ritmo nigeriano que é o afrobeat, com a tradição musical dos países lusófonos, tão presente na capital portuguesa. Engloba elementos de grupos como os Cool Hipnoise, Philharmonic Weed e The Most Wanted, projectos bem conhecidos nas áreas do funk, reggae e do som afro. Com o seu primeiro álbum, os Cacique 97 vêm iniciar uma banda sonora global dos novos tempos sem perder o lado reivindicativo e de promoção da consciência social característica do afrobeat.

David Rodrigues - Bateria
Marisa Gulli - Percussão e Voz
Tiago Romão - Percussão
Francisco Rebelo - Baixo
Milton Gulli - Guitarra e Voz
João Gomes - Teclas e voz
João Cabrita - Saxofone Tenor e
Barítono
Zé Lencastre - Saxofone alto
Vinicius Guimarães - Trombone
Zé Raminhos - Trompete
www.myspace.com/cacique97
09 JULHO I QUINTA-FEIRA 21H30
DANÇAS OCULTAS

Danças Ocultas estão de volta com um novo álbum de originais “Tarab”, um retorno à expressão única da concertina. É também um novo formato de espectáculo, onde as melodias e ritmos de cada uma das concertinas criam formas e imagens numa tela branca. Elementos visuais aceleram, abrandam e entram em suspensão, enfatizando as dinâmicas e os movimentos da música. Danças Ocultas provam que a concertina continua a ser uma máquina de produzir sonhos, e de inventar futuros possíveis.

Artur Fernandes – acordeão diatónico
Filipe Ricardo – acordeão diatónico e concertina baixo
Filipe Cal – acordeão diatónico
Francisco Miguel - acordeão diatónico
http://www.dancasocultas.com//
09 JULHO I QUINTA-FEIRA 23H00
MUNICIPALE BALCANICA
ITÁLIA

Banda nascida em 2003 no sul de Itália, converge na sua música a variedade de culturas e a tradição musical que se fundem no Mar Mediterrâneo. Sons da Europa de Leste, com um toque árabe ou oriental, aos quais se junta o jazz, numa mescla de estilos e influências que deixam espaço ao improviso e à experimentação.
O seu último álbum “Road to Damascus” é uma referência à vida de S. Paulo, que no seu caminho para Damasco foi iluminado por uma luz misteriosa que o fez mudar a sua vida. Um tributo às viagens e às oportunidades, às surpresas e às mudanças, num concerto que oscila entre momentos de contemplação e momentos de muita alegria e energia.

Michele de Lúcia - Clarinete
Armando Giusti - Saxofones Alto e Barítono
Nico Marziale - Percussão e Efeitos
Raffaele Piccolomini - Saxofones Tenor e Soprano
Giorgio Rutigliano – Baixo Eléctrico
Paolo Scagliola - Trompete, Clarinete
Luigi Sgaramella - Bateria
Raffaele Tedeschi - Voz, Guitarras eléctrica e Acústica
Francesco Moneti - Violino, Saxofone, Guitarra Eléctrica
Alessandro Paparella - Mandolim
Giuseppe Volpe – Acordeão e Piano
Giuseppe Dantes - Tuba
http://www.myspace.com/municipalebalcanica
http://www.municipalebalcanica.com/
10 JULHO I SEXTA-FEIRA 21H30
JOÃO GIL
CONVIDA TITO PARIS E “SHOUT”

Um espectáculo pensado como uma viagem ao presente e ao passado da música de João Gil, ao longo de uma carreira de 35 anos. Compositor e músico, pisou o palco com as maiores vozes e músicos do nosso País. Neste concerto lançou o convite a “Shout” e a Tito Paris. As suas presenças são mais do que um motivo para tornar este um espectáculo singular. São vozes que aquecem a Alma e nos trazem sonoridades para não esquecer.
João Gil - Guitarra e Voz
João Campos - Voz
Tiago Reis - Guitarra
Alexandre Alves - Bateria
Artur Costa - Teclados e Saxofone
Paulo Borges - Piano
Donny Bettencourt - Baixo
ARTISTAS CONVIDADOS: Shout e Tito Paris
http://www.joaogil.com/
www.myspace.com/joaogilmusica
10 JULHO I SEXTA-FEIRA 23H00
X-WIFE

“Are You Ready For The Blackout?”, que se prevê ser um dos maiores sucessos de 2008, são os X-Wife cada vez mais sintonizados com o que melhor se faz à escala planetária. O domínio absoluto da sua linguagem, mais madura e autónoma, confirma-os como autores de uma sonoridade e registo únicos em Portugal. Uma banda de rock’n’roll apontado à pista de dança, com o ritmo a guiar todos os movimentos da música!
João Vieira – voz e guitarra
Fernando Sousa – baixo
Rui Maia – teclados e sintetizadores
Nuno Saraiva – bateria
http://www.myspace.com/xwiferocks
10 JULHO I SEXTA-FEIRA 00H30
BIG BOSS BAND
11 JULHO I SÁBADO 21H30
ORQUESTRA TÍPICA FERNANDEZ FIERRO
ARGENTINA

A Orquestra Típica Fernández Fierro é uma formação de orquestra típica de tango com uma singular atitude na maneira de o sentir e o interpretar. Constituída de forma cooperativa em 2001, edita os seus discos, organiza concertos e gere o seu próprio clube (Clube Atlético Fernández Fierro). Integram o seu repertório arranjos novos de tangos tradicionais e tangos originais, compostos por alguns dos seus membros mais jovens. A força dos seus tangos, o desembaraço, os figurinos coloridos e o seu compromisso social, renovaram radicalmente a cena do tango de Buenos Aires e têm espalhado a sua atitude e música pelas Américas e a Europa.
Violinos – Federico Terranova, Pablo Jivotovschii y Bruno Giuntini;
Viola – Juan Carlos Pacini;
Violoncelo – Alfredo Zucarelli;
Contrabaixo – Yuri Venturín;
Bandoneones – Flavio “El Ministro” Reggiani, Martín Sued, Pablo Gignoli y Julio Coviello;
Piano – Santiago Bottiroli
Voz – Walter “Chino” Laborde.

http://www.sonicbids.com/orquestatipicafernandezfierro
11 JULHO I SÁBADO 23H30
DIABO A SETE

Grupo de sete formado em 2003, em Coimbra, enche o palco com um repertório de temas originais e outros inspirados na música tradicional portuguesa com uma abordagem contemporânea, através da sonoridade da sanfona, do cavaquinho, da gaita-de-foles, do bandolim, das flautas e da concertina. Com actuações em diversos festivais e encontros, bem recebidos pelo público, venceram a eliminatória portuguesa do Eurofolk’06 e estrearam-se, em 2007, com o álbum Parainfernália. Um concerto para reviver ritmos e sons da música de raiz tradicional onde o movimento e a reinvenção serão uma constante!
Celso Bento - flautas, gaita-de-foles e
sarronca
Eduardo Murta - baixo eléctrico
Julieta Silva - voz, concertina e sanfona
Luísa Correia – guitarra
Miguel Cardina - bateria e percussões
Pedro Damasceno - bandolim, cavaquinho,
concertina e flautas
Hugo Natal da Luz - percussões
http://www.diaboasete.com/
11 JULHO I SÁBADO 00H30
LOS GAFAS
12 JULHO I DOMINGO 18H30
FUNFARRA

Funfarra é um projecto recente, que se agarra à sonoridade forte e vibrante dos sopros, à imagem das brass bands norte-americanas. Amantes do imprevisível, levam o público a viajar por diversos ambientes, sejam eles o jazz, o funk ou o soul, entre outros. Entre temas bem conhecidos do repertório “Dixie” e sons dos anos 70 e 80, músicas dos Rage Against the Machine ou de Marco Paulo, este é também um espectáculo para relembrar, cantar ou dançar as músicas que fazem furor, geração após geração!
Henrique Marques - Sax Alto
Paulo Gravato - Sax Tenor
João Martins - Sax Barítono
Rui Silva - Trompete
Rui Bandeira - Trombone
André Oliveira - Percussão
Tiago Tavares - Percussão
http://www.myspace.com/funfarra

12 JULHO I DOMINGO 21H30
TEREZA SALGUEIRO COM LUSITÂNIA ENSEMBLE
MATRIZ

Um concerto concebido como uma Viagem em que somos transportados pela voz inigualável de Teresa Salgueiro, através dos tempos e do território português. Acompanhada por um elenco excepcional de músicos, o percurso musical de “Matriz” guia-nos pela música antiga, popular e tradicional do país, não esquecendo o Fado e a música portuguesa contemporânea, recriando autores como Carlos Paredes, Fausto e Fernando Lopes Graça. “Matriz” revisita e recria memórias e tradições, onde somos recebidos por uma das maiores representantes da cultura portuguesa nos últimos tempos.

Tereza Salgueiro – Voz
Jorge Varrecoso Gonçalves – Violino
Pedro Jóia – Guitarra
Pedro santos – Acordeão
Luís Clode – Violoncelo
Óscar Torres - Contrabaixo
João ferreira - Percussão
Rui Lobato – Percussão
António Monteiro – Som
Anabela Gaspar – Iluminação
Direcção Musical e Arranjos – Jorge Varrecoso Gonçalves

12 JULHO I DOMINGO 23H00
FADO DE COIMBRA
12 JULHO I DOMINGO 00H00
FOGO DE ARTIFÍCIO
…………………………………….............................................................................................................................
ACTIVIDADES PARA TODA A FAMÍLIA
OFICINA DE LABIRINTOS E PEQUENOS HABITANTES
Datas: sábado e domingo (4 e 5 Julho) + quinta, sexta e sábado (9, 10 e 11 de Julho)
Horas: 17h30 às 20h00
O Jardim é um esconderijo, uma morada, um caminho, um jogo. Debaixo do chão, há um labirinto
escuro, de raízes, terra, sombras e pétalas caídas, onde moram formigas, minhocas e outros pequenos seres. Uma oficina para desenhar e construir jardins subterrâneos, entrelaçar tocas e caminhos e imaginar os seus habitantes.

ACTIVIDADES DESPORTIVAS
GASTRONONIA
DOÇARIA
ARTESANATO
Freestyle Motocross 4 de Julho
Sarau de Ginástica da Zona Alta 4 de Julho
Pesca Desportiva 4 de Julho
Passeio Maratona BTT 5 de Julho
Maratona Aquática 11 de Julho
Corrida do Almonda 12 de Julho
Passeio Pedestre 12 de Julho

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Irão - Kiosk, O-Hum, Saadi

Human beings are members of a whole,
In creation of one essence and soul.
If one member is afflicted with pain,
Other members uneasy will remain.
If you have no sympathy for human pain,
The name of human you cannot retain.”

Saadi (Shiraz,c.1184/1213?-1283/1291?)



quarta-feira, 24 de junho de 2009

Recantos

Há momentos que não necessitam de palavras. Tenho vivido muitos desde que cheguei a esta cidade. Nunca um lugar foi tão perfeito. Recantos de um mundo que vou descobrindo e guardando.
 
Atravesso-o de todas as formas com o mesmo sentimento de gratidão.
Privilégio este que havia de me acontecer.










*
Música : Starlight In Daden - Ekova

terça-feira, 23 de junho de 2009

Rectificação

Há várias versões sobre quem produziu o máxi-single Estou Além/Povo que Lavas no Rio.
Eu indiquei uma, um anónimo referiu outra.
Depois de muita busca na net e de pensar quem poderia tirar a limpo a dúvida instalada, eis que me chega a informação.
A de César o que é de César!

Produção - Nuno Rodrigues (isso mesmo! Banda do Casaco)
Técnico de som - Tó Pinheiro da Silva (eheheheh)
Assistente de som - Pedro Vasconcelos (o mesmo que gravou Alhur!)
Guitarras - Moz Carrapa
Baixo e sintetizadores - Vitor Rua (GNR)
Bateria e percussão - Toli César Machado (GNR)

Detalhe: uma vozinha disse: como é possível não te lembrares????? Aquelas palminhas, no refrão final, de quem são?

Fez-se um clique. À volta do microfone: António, Nuno, eu e Tó Pinheiro da Silva. A fazer o quê? A bater palminhas...

TOINNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNG.
1º alarme e resolução tomada. Amanhã vou comprar magnésio e fósforo.

*
Música: Perdi a Memória - António Variações

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sonho Azul IV

A reunião do NÃO

Depois da "ressaca" do estúdio, havia uma capa para fazer, fotos para tirar e uma promoção para planear.
Quiseram ir a fundo e a sério com o lançamento da minha pessoa e para começar nada melhor, que modificar o meu nome. Aliás, devia desaparecer por completo!
Incrédula, assisti a várias propostas, numa sala de reuniões da Valentim de Carvalho, sugeridas pelo Pedro e pelo David Ferreira. A questão prendia-se com “Né Ladeiras”. Não era nome para uma cantora quando atingisse os 40 anos...

- “Mas eu ainda só tenho 23!!!! - protestei - "Além de que este é o meu nome, sempre foi. Né, diminutivo de Nazaré, Ladeiras, apelido paterno. Sempre fui Né Ladeiras em casa, na escola, no liceu, na Brigada Victor Jara, nos Trovante, na Banda do Casaco”.... Nunca foi “nome artístico” .


Atónita e a pensar que algo de muito errado - diria mesmo aberrante - se passava, assisti a uma cena irreal, que consistia em 2 listas telefónicas nas mãos do promotor e do produtor com a respectiva avaliação dos nomes alternativos para o novo baptismo.

Nesse dia deixei de sentir qualquer respeito pelos "power rangers" editoriais. Aqui estava a máquina, no seu início, do desrespeito e da vergonha. Seria uma questão de tempo, quando se iniciasse a escolha dos decotes em detrimento de um projecto conceptual, de uma voz, de um canção bem escrita. Eis o epicentro do terramoto quase a estoirar contra a individualidade dos artistas: “tens de te tornar numa Rita Lee portuguesa, ou "porque não te inspiras nas bandas pop estrangeiras?”, " precisas de um hit que entre logo no top"...
Não abdiquei do nome, que era meu. Dei um ponto final àquela reunião ridícula e as hostilidades começaram.
A fama do mau feitio
Não ia ser o meu ano, como havia pressentido desde o início. Se não soubesse o queria fazer da minha vida, se não tivesse a certeza de quem era, teria sido uma presa fácil de manipular por muitos e longos discos. Só que, felizmente, não era! Desejei que o contracto acabasse naquele segundo, mas havia cláusulas a cumprir. Surgiu uma característica que me daria alguma fama no futuro: um certo "mau feitio"...
lololololol
Recursos de personagem
Quanto mais cedo o pesadelo acabasse, mais rápida seria a minha libertação. Assim, assumi-o como um lindo Sonho Azul e dizia, nas entrevistas, que o mundo era maravilhoso. Agarrei-me à memória dos meus pais a dançar na sala ao som de Glenn Miller e Tommy Dorsey, às actrizes e actores dos filmes que se viam lá em casa, às estórias românticas dos tempos de adolescente da minha mãe, à nostalgia que ficou para sempre no meu pai, quando deixou os clubes de jazz de St. Louis...
Enfim, construí uma personagem para levar até ao fim, aguentar com o que ainda havia a fazer, ser forte para engolir o sapo e depois bater com a porta.

A capa ...

Imagem retirada do site http://www.miau.pt/ porque não tenho este disco
A capa foi uma traição. Nem azul ficou .... Um abominável roxo indefinido revestiu uma viela de Lisboa... e prolongou-se pela contracapa com o meu retrato “pintado” . A sessão de fotografias não fora aprovada pelo David Ferreira...
Imagem retirada do site rockemportugal.blogspot.com pela mesma razão....


Sessão de fotografias chumbada
Algumas das fotos "chumbadas" da sessão realizada por Eduardo Keil Carvalho da Silva no dia 17 de Fevereiro de 84 (nota: alguns percalços no seu arquivo - uma mala no sótão - causaram a perda da qualidade que possuíam)


Vestido e chá Dançante com "voz ao vivo" e "orquestra ao morto"
O convite para o chá Dançante/lançamento que terá ocorrido algures entre os dias 4 e 6 de Maio de 84
Comprei um vestido para o lançamento do disco, programado para a Casa do Alentejo, o mais metálico e frio, que descobri na loja da Ana Salazar. Fartei-me de rir com a coluna de mexericos O bom e o bonito, assim se chamava, de um certo Conde de Vila Faia, que rezava assim: “A Né Ladeiras anda numa de azul. Não sei se a moda vai pegar. Certo é que a menina apareceu no lançamento discográfico com um volumoso vestido de zinco! Gostava de saber quem foi o estilista...” para o “jornalista” que aproveitou a festa para comer e beber, o lançamento resumiu-se a um vestido e não a um disco... O que para mim era exactamente igual. Vestido e disco condiziam. Não valiam NADA!
Eis o vestido de "zinco" e volumoso made by Ana Salazar. Foto tirada por Inácio Ludgero para o Semanário Se7e no dia do lançamento, na Casa do Alentejo.

Em cena às 18H.
Luz 75% + introdução de Hotel Astória;
luz a 50% + 30 seg. Luz a 25% ainda com música. Sou anunciada.

Subi ao palco ao som da música e disse: Ora, eu queria cantar um bocadinho - com a voz ao "vivo" e a orquestra "ao morto" ...

Foto de Carlos Gil para a revista Mais
Um abraço de verdade
O único abraço que me soube bem, nesse dia, foi o do António Variações, que vinha de gravar o teledisco É p'ra manhã, ainda com o papagaio de plástico ao ombro. Saiu a correr das filmagens (que estavam a decorrer no Campo Grande) e foi assistir ao mini-concerto de lançamento.
António, alma gentil, coração gigante, um talento que ultrapassava todos. Ele sabia o que eu pensava do panorama... Falávamos muito sobre a direcção que as coisas estavam a tomar. Ele, melhor que ninguém, sentiu na pele a forma deficiente desta industria provinciana, atamancada, pouco aberta a projectos que saíam duma bitola estipulada e na franja das tendências estrangeiras (das piores, saliente-se).

A "prateleira" do António

De realçar que o António assinou contrato, com a Valentim de Carvalho, em 1978 e esteve na “prateleira” durante 4 anos. Não sabiam o que fazer com tanta excentricidade! Só, em 1982, lhe foi dada a oportunidade de gravar o single Estou Além/Povo que Lavas no Rio, que se revelou uma pedrada no charco. Até àquele momento ninguém se atrevera a pegar num fado (e logo este, que não era qualquer um) e o assumia tão fora dos cânones tradicionais. Estou Além, é um manifesto filosófico perante a vida. O single, com produção e arranjos de Tóli César Machado, Vítor Rua e Moz Carrapa, é brilhante, moderno, muito de acordo com o som que o António procurava e que realça o tipo de grande artista que é. Ousado e extremamente honesto. Excêntrico sim, mas não para a fotografia ou como estratégia de publicidade. Ele era assim todos os dias, em qualquer lugar. Na sua barbearia, na sua casa, na rua, no estúdio.

A rapariga romântica rodopiava
Durante a promoção e entrevistas vesti o meu melhor sorriso, afirmei umas frases feitas, algumas autênticas baboseiras, dei-me ares de rapariga romântica e deslumbrada, rodopiei com a leveza possível, apesar do desencanto... e fiz a parte que me competia.

Preparada para sair de cena
Saí-me bem. Não sabia desta capacidade de adaptação da minha pessoa. Considero que fez parte do meu crescimento, ser quem se não é, para se ter a certeza indubitável do que se quer ser de verdade.
A minha verdade não estava destruída. Ficou em stand-by. Por uns tempos...



*
Música: Anjo da Guarda (álbum) - António Variações


domingo, 21 de junho de 2009

"A água que vale água"


Todos os dias morrem seis mil pessoas devido à falta de água potável e destas, 80% são crianças.
Em cada 15 segundos morre uma criança, devido a uma doença relacionada com a água.


Alguns dados sobre a água no mundo:
-Água de chuva: 120 mil km3 ao ano.
-Água de rios, lagos e veios aquíferos: 40 mil km3, dos quais, todo ano, são retirados 8%.
-Os países em desenvolvimento concentram 72% das importações alimentares do mundo.
-África subsaariana: somente 4% das terras cultiváveis são irrigadas.
-Cada pessoa precisa de 1-4 litros, por dia, para sobreviver.
-Para uso doméstico, gastam-se 40/400 litros por dia.
-Um quilo de trigo consome dois metros3 de água até à sua colheita e, para produzir um quilo de carne, necessita-se de 5 a 10 litros.
-A agricultura consome 70% das reservas hídricas.
-As terras irrigadas somam 270 milhões de hectares, mas correspondem somente a 20% da superfície agrícola mundial.


A Earth Water oferece 100% dos seus lucros mundiais ao programa de ajuda de água do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Cada embalagem custa 59 cêntimos.

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Música: Little Water Song - Kate Miller-Heidke

sábado, 20 de junho de 2009

Carminho

Nunca fui ligada ao fado. As minhas origens vêm de uma tradição muito diferente desta música típica de Lisboa. Para além disso, ao longo deste tempo e depois da morte de Amália, acentuou-se uma espécie de filão fadista. A galinha dos ovos de ouro, bastante exportável e consumível fora de portas. Assim, vi desfilar nomes que o representaram mal. E de várias formas. Umas a puxar para o exotismo barato, outras para o pirosismo malabarista, ainda outras para o decalque das voltinhas que a Amália sabia fazer (mas ela fazia-as bem!).
Agora, silêncio. Aqui canta-se fado. MESMO. E eu rendida por esta miúda, que deitou por terra os meus argumentos. Agora já não posso dizer que faduncho... Vou ter de exclamar que Fado! E aplaudir de pé. A Carminho, claro.


PS- Estes vídeos realizados por João Botelho são ao vivo. Não há truques, nem poses. É o que é. E é tão bonito.




sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sonho Azul III

Eu pensava que, uma cantora, podia dispor de algum espaço de manobra, no estúdio, porque há dias em que as coisas não correm bem. Com Alhur esse detalhe foi respeitado, mas aqui não. Colocava vozes a metro, sem inspiração, sem alma, tentando afinar e vibrar vários tons acima do que devia... e fora de horas...

No meu diário de estúdio, com a data de 6/12/82, escrevi às 23h: "Meter a voz"...

Acrescento que, a canção em causa, Dá-me a chave do teu coração, que passou A Chave, por alturas da masterização, tinha uma letra horrível e um refrão ainda pior.... blaaaaaaaaaaaagh
O tema original chamava-se Memória. Quando o Pedro decidiu introduzir aquele refrão passou a co-autor. Isso não me incomodou de todo, porque o fez com outras canções mas esta, em particular, doeu....

6 horas depois voltei ao diário: "...e foi o sofrimento mais atroz de toda a minha vida. Foram 6h de repetições atrás de repetições e tudo a sair-me mal. Estava de rastos..." E, aqui, corto uma passagem desnecessária. Para mim foi a gota que fez transbordar o copo. Nada mais a acrescentar sobre esta sessão de estúdio. Os danos foram significativos. Nunca consegui digerir este episódio.




Mas, em contrapartida, lembro-me da fascinação que foi trabalhar com o António Emiliano. A canção Aliança, que tinha o título provisório Vou Morrer (bastante tétrico, diga-se) era uma bonita composição do Pedro. Foi gravada no dia 5 de Janeiro (às 4h30) ao vivo, com respirações e silêncios, os gestos do António sobre as teclas, as minhas olheiras e algum embargo na voz (sempre o cansaço de cantar de madrugada...). Ao 3º take ficou gravada. O Paulo Mestre apareceu no estúdio com bananas e eu fiquei-lhe eternamente agradecida!


Na mesma madrugada gravei as vozes de Tu e Eu entre as 5 e as 8 da manhã...



Com excepção de Em Coimbra Serei Tua (gravada a partir das 17h,do dia 28/11/82) releio a "saga" que foi cantar nas outras sessões, quando a voz e o corpo pediam tréguas:
8/11/82 - Os Sinos (a partir das 23h25): voz principal + 3 vozes de coro (3ª, 5ª, 7ª);
29/11/82 - Sonho Azul (a partir da 1h): voz principal + 4 vozes de coro (3ª, 5ª, 7ª e 8ª da primeira);
9/12/82 - Marítima, pelas tantas da manhã
(aqui já nem tive coragem de encarar o relógio...)
O Hotel Astória foi gravado no dia 23/11 (pelas 22H), no dia 25/11 (pelas 14h) e no dia 26/11 entre as 3 h e as 6h, mas tratava-se de um instrumental....



Enquanto os instrumentos iam sendo gravados eu procurava estar sempre presente nas sessões. Não queria perder o contacto com os músicos. Não podia dispensar todo aquele talento reunido! Queria aprender a crescer como música, a ser mais profissional. Por vezes, não aguentava as noitadas acumuladas e adormecia num canto qualquer.



Todos eles, sem excepção, me deram muitas alegrias.
A amabilidade do Mário Laginha e o talento daquelas mãos esculpidas no piano, ou era o piano que era esculpido naquelas mãos inesquecíveis. O Tomás Pimentel, que fez harmonizações lindíssimas para os metais e mostrou o coração de ouro que é. O Caínha e o Caramelo donos das gargalhadas mais contagiantes de Paço d'Arcos e os cúmplices "responsáveis" pelo sabor a swing, que se escuta no disco. O meu queridíssimo Ricardo Camacho, sempre tão dedicado, tão responsável, tão atento, o sempre-alquimista-de-sons etéreos, que revestem muitas das canções. O Paulo Gonçalves, exótico, espontâneo, intuitivamente pop, sempre bem humorado enquanto guitarrista e como pessoa. O Tózé Almeida, que nunca se impunha a ninguém, de extrema delicadeza e discrição. O António Emiliano, com quem me identifiquei no género de "nomadismo musical" (que esperava vir a desenvolver em projectos futuros). E, claro, o Tó Pinheiro da Silva! As palavras são poucas para adjectivar um dos maiores músicos, com quem tive a honra de trabalhar. É, sem dúvida, uma das melhores pessoas do "meio artístico", que alguma vez conheci. Um talento nato, uma inteligência incomum, o melhor contador de anedotas, um músico virtuoso, uma pessoa pura, uma sensibilidade invulgar, que deu muito de seu neste trabalho.
Eu e o Tó nas gravações de Também Eu (81)
Quando se concluiu o trabalho de estúdio, o ambiente não era o melhor. A minha amizade pelo Pedro estava muito abalada. Não falámos sobre o que se passou, até que deixámos de falar, totalmente, na impossibilidade de estabelecermos um bom diálogo.


Não era, de facto, o meu ano. E o pior estava para vir com a promoção do disco e não só.
*
Música: Não há cu que não dê traque - Banda do Casaco